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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não deixará o governo agora. Em café com a presidente Dilma Rousseff, nesta sexta-feira, Cardozo acertou sua permanência no cargo, mesmo após escancarar seu descontentamento com as críticas e pressões recebidas, principalmente por parte do PT.

Em entrevista exclusiva ao Estado, publicada nesta sexta-feira, Cardozo admitiu a possibilidade de sair do Ministério, que comanda desde janeiro de 2011. "Se eu achar que não contribuo mais para o projeto e não sirvo mais à presidenta, sairei", disse ele.

Auxiliares de Dilma observaram que a presidente não dispensaria o ministro agora, no auge da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Além disso, depois das declarações de Cardozo, uma eventual saída passaria a imagem de que o Palácio do Planalto agiu para rifá-lo, porque as investigações estão atingindo nomes de peso do PT e do governo.

Desde o fim do primeiro mandato de Dilma, porém, o ministro tem dito que sua função tem "prazo de validade".  No Planalto, a aposta é que ele permanecerá à frente da pasta, se resistir, no máximo até a Olimpíada de 2016.

Nos últimos tempos, cresceu no PT e no Instituto Lula um movimento pedindo a demissão de Cardozo, como revelou o Estado no sábado. A insatisfação aumentou na esteira das operações Lava Jato e Acrônimo.

Nos bastidores, petistas reclamam que Cardozo não controla a Polícia Federal. Na semana passada, a Executiva Nacional do PT também decidiu convidar o titular da Justiça para dar explicações sobre o que o partido chama de "vazamentos seletivos" das investigações.

A iniciativa, no entanto, foi considerada "um tiro no pé" pelo governo porque jogaria ainda mais luz sobre as pressões exercidas sobre o ministro. Ao menos por enquanto, a cúpula do partido desistiu da "convocação" e a bancada petista na Câmara divulgou nota de apoio a Cardozo.

Na entrevista ao Estado, o ministro defendeu os colegas Aloizio (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social), citados na delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC. Disse, ainda, ter determinado ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, a abertura de inquérito e processo disciplinar para apurar vazamento na Operação Acrônimo, que investiga suspeita de participação do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), em esquema de corrupção envolvendo empresas com empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Da minha parte, mesmo sem representação (do governador) me pareceu que houve, sim, vazamento indevido da Operação (Acrônimo), porque o ministro Herman Benjamin (do Superior Tribunal de Justiça) havia determinado o sigilo judicial sobre as buscas e apreensões", disse Cardozo ao Estado. "Se esse vazamento ocorreu por responsabilidade de algum servidor, ele será punido como o rigor da lei. Tivemos vazamentos indevidos em várias operações e em todas eu determinei a abertura de sindicância e de inquérito policial", emendou, defendendo-se do fogo amigo no PT.