A revista ISTOÉ foi a grande vencedora do 45º Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante do jornalismo brasileiro. A festa de entrega, no Hotel Sofitel, no Rio, na terça-feira 19, contou com a presença de mais de 500 convidados. Na edição 2000 do Esso, ISTOÉ arrebatou os prêmios nas três categorias em que foi finalista: Reportagem; Informação Científica, Tecnológica e Ecológica; e Criação Gráfica, categoria revista. Com o conjunto de reportagens “Defesa aberta”, os jornalistas Andrei Meireles e Isabela Abdala, da sucursal de Brasília, ganharam o Esso de Reportagem. O trabalho resultou na queda do ministro da Defesa, Élcio Alvares. Na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica, o prêmio foi concedido ao editor de Ciência e Tecnologia da revista, Norton Godoy, pela matéria “A fonte da vida”, que mostra como o mapeamento genético pode auxiliar no controle de doenças e até mesmo evitá-las. O prêmio de Criação Gráfica ficou com o editor de arte João Carlos Alvarenga Freire e o capista Roberto Weigand pelo trabalho “Medo” – capa da revista sobre o sequestro do ônibus 174, em que um ex-menino de rua transformou em reféns os passageiros de um ônibus na zona sul do Rio. O Prêmio Esso de Jornalismo 2000 foi entregue ao jornal Correio Braziliense pela publicação de uma série de reportagens sobre o envolvimento do ex-senador Luiz Estevão no escândalo do TRT-SP, produzidas pelo repórter Antônio Vital e equipe.

Os jornalistas de ISTOÉ Andrei Meireles e Isabela Abdala, em “Defesa aberta”, revelaram o envolvimento de Élcio Álvares com o crime organizado no Espírito Santo. Além da demissão de Álvares, a denúncia foi responsável pela instalação da CPI do Narcotráfico. Ao receber o prêmio, o jornalista Andrei Meireles advertiu: “Apesar de tudo, a impunidade continua. O deputado José Carlos Gratz conseguiu ser reeleito pela terceira vez para a presidência da Assembléia Legislativa do Espírito Santo.” Gratz, conforme revelou ISTOÉ, comanda um imponente império de jogatina no Espírito Santo. Andrei foi também homenageado com o Prêmio Jornalista José Gonçalves Fontes, morto este ano. Fontes trabalhou 37 anos no Jornal do Brasil e formou gerações de jornalistas.

Além de receber o Prêmio Esso de Informação Científica, Tecnológica e Ecológica, Norton Godoy, editor de Ciência e Tecnologia da ISTOÉ, foi homenageado com o troféu Jornalista Rubens Rodrigues dos Santos, entregue pela filha do patrono do prêmio, Lia Siqueira. Rubens, morto há três meses, foi vencedor de três prêmios Esso sempre com reportagens sobre ecologia e meio ambiente. O jornalista passou a maior parte de sua carreira no jornal O Estado de S.Paulo. Norton falou sobre as redações dos jornais. “Hoje, as redações estão cheias de jovens ávidos para aprender, assim como eu quando entrei numa redação. Mas é fundamental, no fim da noite, chegar perto daquele velho jornalista, cheio de experiência, e trocar idéias sobre os mais diferentes assuntos.”

O sentimento de angústia e desproteção que tomou conta do País no dia 21 de junho, após o sequestro do ônibus 174, no Rio, foi traduzido na capa “MEDO”, idealizada pelo editor de arte de ISTOÉ, João Carlos Alvarenga, e pelo capista Roberto Weigand. Por essa tradução, levaram o prêmio Criação Gráfica. O sequestro do ônibus culminou com as mortes de uma das passageiras-reféns e do próprio sequestrador pela PM. O prêmio Criação Gráfica, categoria jornal, foi concedido ao Jornal do Brasil pelo trabalho “Malandragem, adeus”, de autoria de José Adilson Nunes. O jornalista Hélio Campos Mello, diretor de redação de ISTOÉ, afirmou que os prêmios ganhos pela revista são frutos do empenho de uma equipe que tem, em primeiro lugar, o compromisso com a notícia. “O que vimos é o resultado do trabalho digno e sério que fazemos sempre, com ou sem prêmios. Melhor com eles, é claro”, disse Campos Mello.

Criado em 1955, o Prêmio Esso deste ano teve um recorde de trabalhos inscritos. Foram 1.093 concorrentes, entre 623 reportagens, 173 fotos, 117 produções gráficas de jornais, 86 de revistas e 94 primeiras páginas. A escolha do melhor trabalho de fotojornalismo teve uma inovação. Ao contrário do que ocorre tradicionalmente, o Prêmio Esso de Fotografia contou com a participação de 45 profissionais que opinaram, via internet, sobre a melhor foto publicada no ano. A escolhida foi “Boca a boca”, de Zulmair Rocha, da Folha de S.Paulo. Ao todo foram conferidos 16 prêmios. Os vencedores tiveram seus trabalhos escolhidos de uma lista de 41 finalistas. A Comissão de Premiação foi composta pelos jornalistas Armando Mendes, editor executivo do Correio Braziliense, Celso Pinto, diretor de redação do jornal Valor Econômico, Dácio Malta, diretor da sucursal de Brasília de O Globo, Hélio Campos Mello, diretor de Redação da ISTOÉ, e Maurício Dias, editor-chefe do Jornal do Brasil.

Prêmio Esso de Informação Científica Norton e a mulher Meire (à dir.) com Lia, Guilherme Duncan, gerente de Comunicação da Esso, e Sandro Vaia, diretor de redação de O Estado de S.Paulo

O prêmio de Informação Econômica ficou com a repórter Raquel Balarin, autora da matéria “Operações que quebraram o Boavista”, publicada pelo Valor Econômico. O de Primeira Página foi para o Jornal do Brasil, com o trabalho “Incompetência e morte”, sobre o sequestro do ônibus 174. E o Prêmio Esso Especial Interior foi para o jornal Tribuna de Minas, da repórter Daniela Arbex. “Censura, não” publicada pela A Gazeta, jornal de Rio Branco (Acre), ganhou o Regional Norte. Danta Accioly, Demitri Túlio e Cláudio Ribeiro levaram o Regional Nordeste com a matéria “Arquivo secreto – mortes na FAB”, publicadas no jornal O Povo, de Fortaleza. “Estão saqueando os cofres do FAT”, do Correio Braziliense ficou com o Regional Centro-Oeste. O repórter Romeu de Bruns Neto ganhou o Regional Sul com a reportagem “Comida Perigosa”, publicada na revista Amanhã.

O jornal O Globo recebeu o Regional Sudeste com a matéria “As quentinhas”, assinada por Angelina Nunes e equipe. A reportagem denuncia o monopólio do empresário Jair Coelho no fornecimento de refeições aos mais de 20 mil presos do Rio. Foram entregues ainda o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa ao jornal Correio Braziliense, por ter publicado a manchete “O Correio errou”, reconhecendo a incorreção das informações veiculadas – também em manchete no dia anterior –, e ao jornal Valor Econômico pela abertura ao mercado do jornalismo econômico.

A galeria dos Esso de ISTOÉ nos anos 90

1992 “Testemunha-chave”, a descoberta de Eriberto França, o motorista da secretária de Fernando Collor de Mello, pelos jornalistas Mino Pedrosa, Augusto Fonseca e João Santana Filho, rendeu o Esso de Reportagem.

1996 “Conversas fulminantes”, sobre a revelação da fita mostrando o tráfico de influência na disputa pelo projeto Sivam, de Luciano Suassuna, obteve o Esso de Reportagem

1998 “Reaprendendo a viver”, reportagem sobre as pessoas que vivem com aids, de Daniel Stycer e Eduardo Marini, levou o Esso de Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. “A conta do Proer”, sobre a ajuda pública para os bancos falidos, de Ronaldo Braziliense, o de Informação Econômica.

1999 “Um cadáver político”, a diagramação da matéria sobre o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, deu ao editor de arte, João Carlos Alvarenga Freire, o Esso de Criação Gráfica.

2000 “Defesa aberta”, a série que derrubou o ministro Élcio Álvares, de Andrei Meireles e Isabela Abdala, ganhou o Esso de Reportagem. “A fonte da vida”, matéria de capa, feita por Norton Godoy, editor de Ciência e Tecnologia, ganhou o prêmio Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. “Medo”, o editor de arte, João Carlos Alvarenga Freire, e Roberto Weigand ganharam o prêmio Criação Gráfica pela capa que ilustra a reportagem sobre o episódio do ônibus 174, no Rio de Janeiro .