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A balança comercial brasileira registrou em junho um superávit de US$ 4,5 bilhões, o melhor resultado para o mês desde 2009. O resultado foi influenciado pela exportação da primeira plataforma de petróleo, ainda na primeira semana, no valor de US$ 690 milhões. Com isso, a balança no primeiro semestre de 2015 acumula superávit de US$ 2,2 bilhões, contra um déficit de US$ 2,5 bilhões no ano passado.

Os superávits em junho e no semestre, contudo, foram puxados mais pelo recuo das importações do que por melhora nas exportações."O resultado da balança comercial é bom, mas não é nobre, porque se faz às custas de uma contração do nível de atividade doméstico, com menos importação. Houve uma queda nas importações em setores de bens de capital e de produtos de bens de consumo porque a economia está mergulhando", disse o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira.

No primeiro semestre, por exemplo, a corrente de comércio – soma das importações e exportações – atingiu US$ 186,4 bilhões, cifra 16,6% menor que em igual período de 2014. Em outras palavras, isso significa que o comércio do Brasil com o mundo está encolhendo.

Por outro lado, Silveira destaca que um pedaço dessa redução de importação ocorreu também porque o Brasil produziu mais petróleo. "Resta saber se esse crescimento na produção de petróleo será sustentável", afirmou.

Apesar de considerar surpreendente o desempenho da balança comercial em junho, Silveira avaliou ainda ser cedo para falar em uma arrancada na economia a partir do setor externo. "O processo de recuperação de uma economia como a brasileira tem de começar pelo setor externo, mas é preciso ver como será o desempenho em julho e nos meses seguintes. Além disso, se consolidada, a melhora no setor externo só trará benefícios para economia daqui a um ano, no segundo semestre de 2016", explicou.

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Parceiros. No primeiro semestre deste ano, houve queda de exportação para os principais blocos econômicos, como a Europa Oriental (34%), por conta de carnes, açúcar, soja em grão, café, farelo de soja. Para a União Europeia, houve queda de 18,8%, decorrente de farelo de soja, soja em grão, minério de ferro e celulose. O Brasil também exportou menos para a Ásia com uma redução de 17,9%, sendo que, para a China, ocorreu uma queda de 22,6% por conta de soja em grão, minério de ferro, couros e peles.

Entre os principais países de origem das importações no semestre, as compras da África decresceram 43,6% por conta de petróleo bruto, naftas, gás natural. As importações do Oriente Médio caíram 37,5%, assim como no Mercosul, com uma queda de 22,5%.

Grécia. A crise na Grécia pode afetar o comércio mundial. O alerta é do brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). "O comércio, como em qualquer outra atividade, é sensível aos operadores econômicos. O comércio quer duas coisas: estabilidade e previsibilidade", declarou Azevêdo.  Segundo ele, na medida que a crise na Grécia justamente afeta a estabilidade da zona do euro, "é razoável pensar que pode ter um impacto no comércio".

Para o brasileiro, porém, as consequências não se limitariam à Europa. "(O impacto) não seria apenas na região, mas em outras também", disse. Azevêdo admite, porém, que seria difícil por enquanto estimar o volume de uma eventual queda no comércio.

A Grécia tem uma participação insignificante no mercado mundial. Mas é o impacto no euro que preocupa os especialistas. Uma nova desvalorização da moeda única e as incertezas poderiam afetar as exportações de dezenas de países, principalmente aqueles que tem a Europa como o maior destino de suas vendas.


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