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A Grécia não vai pagar os € 1,6 bilhão que deve ao Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira, 30. O anúncio foi feito pelo ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis. Entretanto, Atenas ainda tenta negociar um acordo emergencial para obter ajuda financeira junto a credores.

Questionado por jornalistas se o país quitaria sua dívida com o fundo nesta terça-feira, 30, o ministro declarou apenas "Não". Sobre a possibilidade de um acordo de última hora, Varoufakis respondeu: "Nós esperamos que sim". Caso não haja consenso, a Grécia pode se tornar o primeiro país desenvolvido a dar um calote no FMI.

Atenas convocou para o próximo domingo, 5, um referendo para consultar a população sobre a adesão a medidas de austeridade exigidas por credores para socorrer o país. Depois de cinco meses de conversas, não há perspectiva de um novo pacote de resgate.

Pesquisas de opinião apontam que a maioria dos gregos é favorável a um acordo. Entretanto, o próprio primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, incentivou a negativa. Convocada na semana passada, a consulta popular foi vista como uma afronta por credores.

Desde segunda-feira, 29, bancos estão fechados para evitar uma sangria do sistema financeiro. Nos caixas eletrônicos, é possível sacar até € 60 por pessoa. Na quarta-feira, mil agências bancárias no país vão abrir para que aposentados e pensionistas possam sacar até € 120 em benefícios.

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O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, alertou para o risco de contágio da crise em países vizinhos, como Romênia e Bulgária, uma vez que a concentração de bancos gregos chega a ter peso de 20% do sistema financeiro da região.

Momento decisivo. Agora, o provável calote da Grécia, somada aos protestos populares contra a austeridade, aumentam as chances de o país sair da zona do euro.

A chanceler alemã, Angela Merkel, mostrou ceticismo sobre um acordo de última hora: "Só posso repetir o que eu disse ontem. O programa vai expirar hoje à meia noite, pelo horário central da Europa", disse Merkel a repórteres, após se reunir com o primeiro-ministro de Kosovo, Isa Mustafa. "Não estou ciente de nenhum outro sinal confiável."

Merkel, no entanto, disse que as portas continuarão abertas para a Grécia após o prazo da meia-noite, quando vencerá a porção do FMI no atual programa de ajuda de Atenas, que tem valor total de € 245 bilhões (US$ 271 bilhões).

Especialistas consideram que o fator político pesa na postura da Grécia. Em janeiro, Tsipras, do partido de extrema esquerda Syriza, foi eleito com propostas de não se dobrar diante das pressões dos líderes europeus pelas reformas no país, que incluem arrocho salarial e privatizações.


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