Desde que uma crise política estourou na Ucrânia com protestos pró-União Europeia, em novembro de 2013, o mundo vem se questionando se as demonstrações de força da Rússia e dos Estados Unidos poderiam terminar numa reedição da Guerra Fria. Se os americanos e seus aliados conseguiram a derrubada de líderes ucranianos hostis ao Ocidente e impuseram sanções econômicas a autoridades russas, o Kremlin, por sua vez, conseguiu a anexação da Crimeia e ampliou sua influência no Leste Europeu, mergulhado num conflito separatista. Agora, a polarização chegou ao campo militar. Na semana passada, uma reportagem do jornal americano The New York Times mostrou que Barack Obama e outros membros da Otan, aliança militar ocidental, estudam enviar armamento pesado e até 5 mil soldados aos bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia) e países como Polônia e Romênia. Segundo essa versão, tais nações se sentiriam ameaçadas pelo expansionismo russo dos últimos meses. O chefe de tropas da Otan, general Philip Breedlove, confirmou os planos. Se levada adiante, essa seria uma mobilização sem precedentes desde o fim da Guerra Fria, há mais de 20 anos.

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AÇÃO E REAÇÃO
Enquanto Barack Obama planeja mobilizar armas, Putin já reforçou seu arsenal nuclear

Na terça-feira 16, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, contra-atacou. Ao anunciar um reforço de 40 mísseis intercontinentais para o arsenal nuclear russo, Putin disse que eles seriam “capazes de passar pelos sistemas de defesa antiaérea mais sofisticados.” Para Moscou, esse representaria apenas um passo para a “modernização da indústria de defesa”, que tem sofrido com armamentos velhos e obsoletos. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, afirmou que a reação do Kremlin foi “injustificável”, “desestabilizadora” e “perigosa”. Em lados tão opostos, as potências nucleares reacendem os temores de um conflito em que ninguém ganha e colocam o mundo todo em estado de alerta. Para Anatoly Antonov, vice-ministro da Defesa da Rússia, o limite já foi estabelecido e está condicionado à transferência de caças para a Europa. Se isso ocorrer, a resposta de Moscou será “adequada”, disse Antonov.

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