ar moleque, o jeans e a sandália de borracha nos pés fazem ela parecer ainda mais jovem. Aos 22 anos, a carioca Poema Mühlenberg, radicada há cinco anos em Brasília, é uma ativista em tempo integral da ecologia. “Temos que preservar o meio ambiente, mas sem esquecer das pessoas que vivem em extrema pobreza.” Esse entusiasmo lhe valeu a eleição, em janeiro, no Quênia, para uma das dez vagas do Conselho Juvenil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Sua missão é criar uma ponte entre jovens de 15 a 25 anos de todo o mundo e os projetos ambientais da ONU.

Nesta semana, Poema participa, no Rio de Janeiro, da reunião dos ministros do Meio Ambiente da América do Sul. O evento é uma preparação para a Conferência Internacional do Desenvolvimento Sustentável – a Rio+10, que acontece em 2002 na África do Sul. A moça vai apresentar aos ministros o projeto da Cúpula Juvenil da Amazônia. “A juventude da Amazônia quer discutir como conciliar progresso com preservação. A saída é usar os recursos da floresta em benefício dos próprios moradores”, diz.

A curta e bem-sucedida carreira de ambientalista de Poema, que fala espanhol, inglês e francês e estuda artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB), começou em 1999, durante o Congresso de Jovens do Milênio, organizado pelo Ibama. Seu desempenho foi tão produtivo, que foi indicada, no mesmo ano, para um congresso mundial de jovens no Havaí. De lá para cá, integrou um programa ambiental da ONU preparatório da Agenda 21 juvenil e participou do Encontro Internacional de Jovens do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A rotina de congressos e cursos no Exterior já obrigou Poema a trancar duas vezes a matrícula no curso de artes cênicas. No Brasil também não falta trabalho. Um deles, como coordenadora brasileira do Global Enviromental Outlook (GEO), programa de mobilização ambiental mundial para jovens, é concluir a edição de um livro com a visão que jovens de todo o mundo têm dos problemas ambientais. Como conselheira do Pnuma, já esteve na Suécia e tem viagens programadas, em 2002, para a Dinamarca e a África, por conta da Rio+10.

Quase sempre o trabalho nos organismos internacionais é voluntário. Mas há exceções. O curso de lideranças do BID, por exemplo, lhe rendeu um contrato como assistente. “Quando surgem oportunidades como esta, é uma festa”, conta. A moça mora com a mãe, uma amiga e uma irmã em uma chácara, na área rural de Brasília, que é o paraíso de qualquer amante da natureza. O terreno tem uma cachoeira, um pequeno bosque e muita tranquilidade. Nas árvores ao lado da casa, uma família de micos estabeleceu seu território. Todas as tardes, eles se acostumaram a comer banana nas mãos de Poema debaixo de um pé de urucum. Isolada da cidade, o computador é sua principal arma. Passa no mínimo três horas por dia na internet, divulgando os projetos do Pnuma e debatendo temas ambientais com centenas de jovens do Brasil e do mundo. “Somente com a participação de todos, nossos problemas ambientais poderão ser solucionados”, afirma. Para quem quiser entrar no debate, o e-mail de Poema é guardiao21@ hotmail.com.

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