Nos seus últimos anos, Amy Winehouse deu todos os sinais de que sua fragilidade emocional poderia levá-la à overdose. Foi exatamente o que ocorreu, em julho de 2011, no auge de sua carreira. Amigos e parceiros profissionais da cantora britânica percebiam o perigo iminente. Mas o pai fez vista grossa. Mitchell Winehouse estava ocupado tentando capitalizar sobre a fama da filha, que morreu aos 27 anos, por consumo excessivo de álcool. É o que mostra o documentário “Amy”, o filme sensação desta 68ª edição do Festival de Cannes.

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TRAUMA
Amy tinha uma relação conflituosa com o pai, que a expunha e a explorava

Dirigido por Asif Kapadia, a produção escancara a insensibilidade de Mitchell, que chegou a levar uma equipe de filmagem de reality show à ilha no Caribe, onde Amy tentava se recuperar da dependência do álcool e das drogas. A tomada deixa clara a decepção no rosto da cantora, que sentia aversão ao assédio. Uma das amigas entrevistadas para o documentário revela que a autora de “Rehab” sofria com o desinteresse paterno. “Se é dinheiro que ele quer, eu posso dar”, confidenciou a jovem diva a uma das amigas entrevistadas.

Ainda sem data de estreia no Brasil, o filme é construído a partir de vídeos caseiros, imagens de arquivo e depoimentos de pessoas próximas. Amy sofria não só de bulimia como era depressiva. Além dos problemas com o pai (que foi uma figura ausente na sua infância), ela tinha uma relação doentia com o marido, o assistente de vídeo Blake Fielder-Civil. Blake era dependente de drogas e Amy, para estar na “mesma vibração”, usava doses muito altas para uma mulher pequena e com a saúde debilitada.

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ABANDONO
Asif Kapadia, diretor do filme, perdeu o apoio da família Winehouse por mostrar a
falta de apoio na recuperação da cantora dos vícios em drogas e álcool

Ao refazer a trajetória conturbada da cantora – que desagradou bastante a família –, o filme também presta uma delicada homenagem à ela, exibindo vídeos do seu início de carreira e relembrando momentos mágicos de uma fase mais corada e alegre da compositora, como a gravação de música com Tony Bennett, seu ídolo e depois fã: em seu depoimento, ele diz que Amy foi única cantora contemporânea com voz para jazz.

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Fotos: Samir Hussein/Getty Images