Ao deflagrar a 13ª fase da Operação Lava-Jato, a Justiça Federal do Paraná fechou o cerco ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Cumprindo pena em regime aberto pela condenação do processo do mensalão, o petista agora corre sério risco de voltar para a cadeia por envolvimento no esquema de desvio de recursos da Petrobras. Na quinta-feira 21, o juiz Sérgio Moro determinou a prisão preventiva do empresário Milton Pascowitch, considerado pela PF o “elo” entre Dirceu e a construtora Engevix. Em seu despacho, Moro ressaltou o papel do lobista na intermediação de contratos da empreiteira com a Petrobras e a Sete Brasil, com o pagamento de comissões a agentes públicos e políticos, dentre eles o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e o próprio Dirceu. Para Moro, o dinheiro recebido pelo ex-ministro por meio de consultorias seria propina do Petrolão. Ele cita pagamentos feitos pela Jamp Engenheiros, que pertence à Milton Pascowitch, à JD Assessoria e Consultoria num total de R$ 1,46 milhão. Desse total, cerca de 80% caíram na conta da empresa de Dirceu em 2012 durante o julgamento do mensalão no STF.

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ELE OUTRA VEZ
Ligação com empresário preso, Milton Pascowitch (abaixo), pode complicar
a situação de José Dirceu, que cumpre pena domiciliar pelo mensalão

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Para o delegado Igor Romário, da PF em Curitiba, a “ligação entre Pascowitch e o PT é através do José Dirceu”. O repasse da Jamp se soma a outro pagamento de R$ 1,1 milhão recebido por Dirceu da própria Engevix, também como suposta consultoria. Na quebra de sigilo da empresa de Pascowitch, a força-tarefa descobriu que a Jamp embolsou em dez anos mais de R$ 78 milhões em repasses da Engevix, que tem contratos com a Petrobras e a Sete Brasil. Além do dinheiro para Dirceu, Pascowitch também repassou R$ 1,2 milhão a D3TM Consultoria e Participações, que pertence a Renato Duque. Para Moro, “há fundada suspeita de que os pagamentos visavam adimplir compromissos anteriores de propina, como também aconteceu em relação à empresa Costa Global, controlada por Paulo Roberto Costa”. A relação de Pascowitch com Duque, apadrinhado de Dirceu, já havia sido mostrada na busca e apreensão feita na casa do ex-diretor em março, quando foram encontradas obras de arte valiosíssimas adquiridas pelo lobista. “O papel de Milton Pascowitch era equivalente ao de Alberto Youssef, ou seja, de profissional dedicado ao pagamento de propina e de lavagem de dinheiro”, diz Moro.

Fotos: Joel Rodrigues/Folhapress; Luiz Carlos Marauskas/Folhapress