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Malásia e Indonésia disseram nesta quarta-feira, 20, que vão oferecer abrigo para 7 mil imigrantes que estão à deriva no mar em barcos frágeis, mas, como não querem incentivar um novo afluxo, os governos deixaram claro que a ajuda é temporária e, depois disso, não iriam acolher mais ninguém.

Mais de 3 mil imigrantes desembarcaram até agora neste mês nos dois países. Junto com a Tailândia, Malásia e Indonésia optaram por uma política dura, afastando muitos barcos que se aproximavam de suas margens, apesar dos apelos da ONU para que abrigassem as pessoas.
 
"O que deixamos bem claro é que vamos aceitar apenas as pessoas em alto mar", disse o ministro das Relações Exteriores da Malásia, Anifah Aman. "Mas, se houver um novo influxo, sob nenhuma circunstância vamos recolher cada um deles". Malásia e Indonésia disseram em um comunicado conjunto em Kuala Lumpur que vão propiciar "reassentamento". "Também concordamos em oferecer refúgio temporário caso o processo de realocação e repatriação seja realizado no prazo de um ano pela comunidade internacional."
 
Embora a última declaração tenha indicado uma mudança na política de Malásia e Indonésia, permitindo que os imigrantes desembarcassem, os governos enfatizaram que a comunidade internacional também tem a responsabilidade de ajudá-los a lidar com a crise.
 
A ONU, que pede aos governos da região que resgatem quem estiver no mar, saudou a iniciativa e fez um apelo para que as pessoas sejam levadas para a terra "sem demora".
 
Aman relatou que não foi decidida nenhuma localização para oferecer um refúgio temporário aos imigrantes e pediu que a comunidade internacional apoiasse financeiramente os dois países para dar "assistência humanitária aos imigrantes irregulares que se encontram em perigo".
 
A Tailândia não aderiu ao acordo. Seu ministro das Relações Exteriores, o general Tanasak Patimapragorn, evitou comparecer na entrevista ao lado de seus dois colegas após a reunião em Kuala Lumpur. A Tailândia não explicou os motivos de não ter assinado a proposta de seus dois vizinhos. No entanto, a imprensa do país afirmou que Tanasak argumentou que, antes de aceitar qualquer coisa, deveria comprovar se a lei de seu país permite o acolhimento dos imigrantes.
 
Os imigrantes são de Bangladesh e muçulmanos da minoria rohingya de Mianmar, homens, mulheres e crianças que fugiram da perseguição e pobreza em seus países ou foram sequestrados por traficantes e agora enfrentam a doença e a fome no mar.
 
Segundo agências da ONU, 88 mil pessoas embarcaram desde 2014, 25 mil somente no primeiro trimestre deste ano, das quais cerca de 2 mil teriam morrido pelas más condições da viagem e pelos maus-tratos dos traficantes.