Foram 90 filmes vistos, três centenas de ensaios, quedas na patinação e dores musculares nas coreografias. Tudo para incorporar Charles Chaplin e seu personagem Carlitos, da juventude aos 82 anos. “Tive que achar o meu Chaplin. Jamais poderia copiá-lo”, diz o ator Jarbas Homem de Mello, estrela de Chaplin, o Musical, produzido por Claudia Raia e Sandro Chaim, e que estréia na sexta-feira 14, em São Paulo. Marido de Claudia, Jarbas desta vez não atua junto com a atriz no musical. “Juntos mesmo só em 2017”, diz Jarbas.

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ISTOÉ – Qual foi o desafio de interpretar Chaplin?
Jarbas Homem de Mello – A preparação começou em 2012. Eu não podia simplesmente copiá-lo. Ficaria falso. Então pensava: qual dos Chaplins vou encontrar em mim? É o meu olhar do personagem. Tive que achar o meu Chaplin no timbre de voz, na maneira de me movimentar. No espeteaculo, eu o interpreto dos 24 aos 82. Tenho 45 anos, e não poderia ser exatamente o Chaplin de 24, quanto ele atuou em Carlitos Repórter. Foi fascinante porque eu conhecia pouco do homem Chaplin. E obra dele é muito autobiográfica. Fatos como sua infância difícil, a vida no orfantato, o alcoolismo do pai, o irmão mais velho, Sidney Chaplin, que o apoiou até a maturidade (vivido por Marcelo Antony). Por causa do irmão, a vida dele andou.

ISTOÉ – Como foi o trabalho corporal?
Jarbas – Treinei acrobacias difíceis e movimentos arriscados, como a da corda bamba, no parapeito, as cruzadas de patinação. Eu só pensava: “Meu Deus, não posso me quebrar. Ao longo dos ensaios, tive inflamações nas duas pernas por cair muito.

ISTOÉ – Você e Claudia sempre trabalham juntos. Como foi desta vez?
Jarbas – Desta vez até reclamei. Claudia viu poucos ensaios porque está mergulhada na novela “Alto Astral”. “Preciso da sua opinião”, eu dizia a ela. Depois da novela, ela mergulha no espetáculo “Raia 30 anos”. Então só trabalharemos juntos para valer lá para 2017. Mesmo assim, ela me deu belos toques. Claudia é observadora. Ela me atentou para buscar o ângulo do olhar dele. É como se Carlitos brincasse de equilibrista com a própria cabeça. Um dia Claudia me disse: “É difícil Carlitos estar com a cabeça em cima do pescoço.”

ISTOÉ – O que os brasileiros que já viram o musical na Broadway vão ver de diferente aqui?
Jarbas – Teremos cinco canções inéditas de Christopher Curtis (autor do musical original), novas cenas e uma dramaturgia muito mais coesa do que a produção na Brodway. É uma estreia mundial.

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ISTOÉ – Qual a frase de Chaplin que o marcou?
Jarbas – Essa frase é famosa: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” 


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