Uma série de escândalos de corrupção e uma presidente em segundo mandato cada vez mais impopular. A crise política no Chile tem muitas semelhanças com o caos político brasileiro, mas no país vizinho pelo menos a chefe da nação resolveu se mexer. Na semana passada, a presidente Michelle Bachelet tomou uma decisão que poderia servir de exemplo para a petista Dilma Rousseff. Na quarta-feira 6, a mandatária chilena pediu a renúncia de todos os ministros de seu gabinete. Há pouco mais de um ano na Presidência, Bachelet precisou tomar uma medida drástica para recuperar a confiança nas instituições políticas e estancar a queda em sua popularidade. Hoje seis em cada 10 chilenos reprovam sua administração, um recorde histórico.

EUA-2-IE.jpg
PRESSIONADA
Michelle Bachelet enfrentou meses de crise política até romper a paralisia

Como aconteceu no Brasil, no Chile empresários foram presos depois que o Ministério Público mergulhou nas engrenagens do financiamento político irregular, que atinge vários partidos, da direita à esquerda. Chefe do gabinete presidencial, o ministro do Interior, Rodrigo Peñailillo, teve que responder por uma consultoria prestada para a empresa de um arrecadador político. Para completar, o filho mais velho de Bachelet, Sebastián Dávalos, também virou alvo. Uma investigação quer determinar se houve tráfico de influência e uso de informação privilegiada em negócios imobiliários articulados por ele e sua mulher, Natalia Compagnon, durante a campanha presidencial de 2013. Com a vitória de Bachelet, o casal teria obtido um empréstimo de US$ 10 milhões do Banco do Chile. O caso, conhecido como Caval, nome da empresa da qual Natalia é sócia, incluiu a apreensão de documentos e computadores e uma constrangedora convocação da Justiça para que os dois deponham. Como Dilma, Bachelet propôs uma reforma contra a corrupção, mas foi aém do discurso. Enquanto isso, a presidente do Brasil segue cada vez mais acuada e incapaz de agir.

Foto: Natacha Pisarenko/AP