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O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa começou seu depoimento à CPI da estatal dizendo que os "maus políticos" foram responsáveis pelo que está acontecendo na empresa. O ex-diretor disse que entrou na empresa via concurso público em 1977 e que só precisou de apoio político para galgar cargo na Petrobras quando pleiteou a função de diretor. "Tive a infelicidade de aceitar esse apoio político", afirmou, alegando passar agora por um período de sofrimento profundo.

Em suas primeiras palavras, o ex-diretor declarou que o que aconteceu na companhia "não foi inventado por nenhum diretor" e sim pelos políticos. Ele disse esperar que o processo de apuração traga um "resultado positivo" para a Petrobras. "O Brasil está tendo uma oportunidade ímpar de fazer uma correção", comentou.
 
No depoimento, Costa também afirmou que todas as doações feitas por empresas privadas a partidos políticos têm como objetivo o retorno financeiro futuro. "Não existe doação de empresas que não queiram recuperar. Quem me disse isso foram empresários. Se ele doa R$ 5 milhões, ele vai querer recuperar R$ 20 milhões", declarou o ex-diretor. "Não existe almoço de graça. Por que uma empresa de capital privado vai doar R$ 10 milhões, se ela não for cobrar depois? Muitos valores tido como oficiais não eram oficiais, isso o que foi dito por empresários".
 
Ele negou que tenha "achacado" as empreiteiras para fazer parte do esquema. "Nunca houve. As empreiteiras também tinham interessem em outros órgãos do governo", respondeu.
 
Falando sobre hipocrisia, o ex-diretor criticou as doações eleitorais de empresas e disse que elas sempre têm intenção de receber de volta o que doaram porque "não há almoço de graça". Ele disse que está claro que várias doações oficiais vieram de propina. "Não existe doação de empresas que depois essas empresas não queiram recuperar o que foi doado. Se ele doa R$ 5 milhões, ele vai querer recuperar na frente R$ 20 milhões", insistiu.

Eduardo Campos

O ex-diretor da Petrobras ainda afirmou que foi procurado para providenciar "ajuda financeira" à campanha de Eduardo Campos (PSB) para o governo de Pernambuco. Segundo Costa, um "secretário" de Campos e que hoje ocupa uma vaga no Senado, teria pedido dinheiro para a campanha.

"Esse contato foi feito e esse recurso foi repassado", confirmou. Ele não citou o nome do hoje senador que teria intermediado a negociação. Costa disse que nunca esteve pessoalmente com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, mas que uma vez viu o petista em um restaurante. Na ocasião, Costa estava acompanhado do doleiro Alberto Youssef, que acenou para Vaccari.

 
Fundo de quintal
 
Costa admitiu à CPI da estatal que houve falhas internas na empresa e que alguns, como ele, erraram no processo. "Houve uma falha? Houve, mas a Petrobras não é empresa de fundo de quintal", afirmou.
 
Entre as falhas apontadas estão a autorização, por toda a diretoria executiva da companhia, para obras sem projeto pronto e, por consequência, a necessidade de realização de aditivos contratuais. "Algumas vezes os aditivos tinham de ser refeitos", disse.
 
Ele contou que havia urgência na realização dos contratos. "Responsabilizem todos os diretores e seu presidente", emendou.