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A repórter Paula Rocha conta os bastidores deste evento.

Em uma sala de desfiles lotada, cerca de mil pessoas aguardam com ansiedade o show que está prestes a começar. No início da passarela, um telão mostra os melhores momentos daquela que é considerada a maior top model de todos os tempos. Logo nas primeiras cenas o público grita e aplaude, numa explosão de expectativa. Homens e mulheres seguram seus celulares enquanto murmuram “é agora, é agora”. Quando as luzes se acendem, surge a silhueta que todos aguardavam. Nesse momento, pouco importam as roupas da grife que a musa representa ou o casting estrelado de modelos escolhido por ela para acompanhá-la. Cada um dos presentes está ali para ver Gisele Bündchen fazer sua última aparição nas passarelas, uma despedida decidida por conta própria, e que ocorre no auge de seus vinte anos de carreira.

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Gisele no último desfile, pela Colcci (acima), e combatendo o nervosismo
com água de coco durante sua preparação no camarim (abaixo)

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A über model se tornou uma personalidade maior que as marcas que representa. Natural da pequena cidade de Horizontina, no Rio Grande do Sul, Gisele Caroline Bündchen começou na moda aos 14 anos (leia quadro com a trajetória da top ao lado). Hoje, aos 34, é considerada a modelo mais importante e bem paga do mundo – estima-se que sua crescente fortuna esteja na casa dos US$ 450 milhões (R$ 1,3 bilhão). Durante as duas décadas passadas em frente às câmeras, ela estrelou centenas de campanhas publicitárias e ensaios de moda e participou de incontáveis desfiles. A decisão de parar agora, se despedindo na passarela da grife Colcci na edição de Verão 2016 da São Paulo Fashion Week, surgiu da vontade de se dedicar mais a seus projetos pessoais (Gisele tem uma marca de lingerie e uma linha de calçados), ao cumprimento de contratos internacionais e à família. Desde 2009, a top é casada com o jogador de futebol americano Tom Brady, com quem tem dois filhos, Benjamin, de 5 anos, e Vivian, 2.

O marido, inclusive, estava na fila A do desfile realizado na noite do dia 15 de abril e acompanhou de perto o adeus da mulher às passarelas. Ao lado dele estavam os pais de Gisele, Vânia e Valdir, as cinco irmãs, incluindo Patrícia, irmã gêmea e empresária da top, além de duas sobrinhas. Assim como a plateia, que ficava hipnotizada a cada entrada, os convidados ilustres da modelo também vibraram muito ao vê-la desfilando pela última vez. Em sua segunda aparição no desfile, Gisele não conteve a emoção e ficou com os olhos cheios d’água. Ao sair, mandou beijos e acenos para o público, que sorriu de volta. “Eu me senti muito querida, muito feliz. Obrigada pelo carinho”, disse, ao deixar o desfile, visivelmente emocionada. Antes da apresentação, a loira tentava manter a calma no camarim tomando água de coco e curtindo a companhia da família.

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Toda a comoção gerada pela última apresentação de Gisele é justificada pela importância que a top tem para o mundo da moda. “Gisele contribuiu para a consagração de um padrão de beleza mais natural, diferente do visual ‘heroin chic’ (‘heroína chique’, em alusão ao uso de drogas) que comandava a moda no começo dos anos 90”, diz João Braga, professor de História da Moda da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. Sobre a aposentadoria da top das passarelas, Braga acredita que ela pode voltar a desfilar em ocasiões especiais. “Gisele ainda fará desfiles beneficentes ou em situações muito importantes. Ainda vamos vê-la nas passarelas”, diz. O público espera que sim.

Fotos: João Castellano/Agência Istoé; Divulgação


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