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Um terço das forças em combate no Iêmen é composta por crianças. O alerta foi feito pela ONU nesta sexta­feira, 10, denunciando o uso de menores em postos de controle e na linha de combate. "Temos visto crianças em combate e, infelizmente, também entre os mortos", alertou Julien Harneis, representante da Unicef no Iêmen.

Desde março, uma aliança liderada pelos sauditas passou a bombardear o país num esforço para conter rebeldes da milícia xiitas Houthi.
O grupo já conquistou a capital e obrigou o presidente Abd­Rabu Mansur Hadi a fugir. Agora, os rebeldes tentam conquistar a cidade de
Áden, no sul, onde fica o principal porto do país.

Segundo documento preparado pela ONU, o uso de crianças nos combates tem sido registrado pelas diversas facções. No Iêmen,
principalmente nas áreas rurais, era uma tradição que garotos fossem convocados para ajudar os mais velhos a defender os vilarejo.

Nos primeiros dias do conflito, pelas ruas da capital Sanaa, cartazes chegaram a ser distribuídos pelas ruas alertando que "recrutar menores é crime". Agora, a ONU alerta que essa mesma lógica foi transposta para a guerra que muitos apontam como um confronto por procuração entre sauditas e iranianos por um espaço de influência na região.Mas mesmo quando não estou na linha de frente, a Unicef denuncia que as crianças estão entre os grupos mais vulneráveis no país.

Desde o dia 26 de março, pelo menos 77 crianças morreram e outras 44 ficaram seriamente feridas. A ONU, porém, alerta que esses são
os números oficiais, mas que o número real pode superar essas previsões. "Os bombardeios estão matando as crianças no norte e nos intensos combates em Áden e Daleh", disse Julien. "A responsabilidade é de todos."

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Em sua projeção, a Unicef também alerta para o aumento da má nutrição entre menores. "Dificuldades de ter acesso à água, a alta nos
preços de produtos e os problemas para se mover devem levar a um aumento da fome", afirmou.

Em 2014, a má nutrição entre crianças no Iêmen chegava a 48%, uma das maiores taxas do mundo ­ e 1 milhão de crianças estavam fora
da escola.

Nesta sexta, a ONU fez um apelo para poder entrar no país e distribuir assistência humanitária ­ seus relatores já alertam que o mundo
deve se preparar para mais uma "catástrofe humanitária" se a guerra não for interrompida nas próximas semanas.

"Um milhão de pessoas já lutam para sobreviver", declarou Johannes Van der Klaauw, responsável do escritório de Coordenação
Humanitária da ONU em Sanaa. Desde o final de março, os dados da ONU apontam 648 mortos e 2,1 mil feridos no conflito. Mas o
Exército do Iêmen calcula que existam pelo menos 1 mil mortos e 15 mil feridos.


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