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A queda de 9,1% na produção industrial em fevereiro deste ano ante igual mês de 2014 foi mais intensa desde julho de 2009, quando o recuo atingiu 10,0%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No mesmo período, a queda na fabricação de bens de capital foi de 25,7%, o maior recuo desde abril de 2009, quando a redução foi de 27,4%, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física.
 
Como resultado, a indústria encerrou o primeiro bimestre do ano com uma queda de 7,1% na produção, o resultado mais negativo desde 2009, quando as perdas registradas no período foram de 16,8%.
 
Produção industrial menor sinaliza queda do PIB no 1º trimestre, diz a Icatu
 
O desempenho desfavorável da produção industrial em fevereiro foi influenciado principalmente pela queda de bens de capital, na avaliação do economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo. Segundo ele, o declínio nesta categoria corrobora o cenário macroeconômico atual de ajuste fiscal, de juros elevados, crédito apertado e confiança mais baixa, que está gerando menos investimentos. "Houve uma queda estúpida na comparação interanual (de 25,7%). Vários segmentos também tiveram recuo na margem", disse, citando como exemplo a retração de 0,4% de bens duráveis em fevereiro ante janeiro.
 
O economista observou que a queda no nível de confiança vem sendo disseminada por vários setores da economia, e não somente no industrial, que tende a continuar ruim. Neste ambiente, Alves de Melo não enxerga retomada do crescimento à frente. "O nível de estoque permanece relativamente elevado, em patamares não confortáveis. A confiança está baixa e acaba atrapalhando. Os bancos estão segurando mais o crédito, tem o escândalo da Petrobrás que também atrapalha a retomada do crescimento. Consequentemente deve ter um consumo menor por produtos industriais", disse.
 
Segundo ele, os dados da Produção Industrial Mensal (PIM) de fevereiro agregam uma chance grande de o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano ficar no campo negativo. "São muitos fatores jogando contra (a recuperação) nos próximos meses", afirmou.
 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial teve queda 0,9% ante janeiro, vindo menos intensa que a mediana de retração de 1,70% da pesquisa do AE Projeções (previsões de -2,50% a alta de 0,40%), na série com ajuste sazonal. Na comparação com fevereiro de 2014, houve declínio de 9,1%, também ficando menos significativa que a baixa de 10,45% da mediana (previsões de quedas de 7,63% a 12,10%).