Quando fica doente, uma pessoa deseja basicamente duas coisas: voltar a ter saúde, claro, e contar com o carinho da família e dos amigos. Mas há também os dias em que ela prefere se recolher ao silêncio e não conversar com ninguém. Isso acontece especialmente em casos mais sérios. No dia em que se submete a uma sessão de quimioterapia, por exemplo, uma vítima de câncer dificilmente tem disposição para contar pela décima vez como está se sentindo. Agora, muitos têm recorrido aos sites de suporte que se proliferam na internet. São espécies de blogs dos pacientes, espaços nos quais eles contam a evolução do tratamento e trocam mensagens com pessoas queridas. Mas apenas quando e como quiserem. Dessa maneira, preservam-se nos momentos mais delicados, mas mantêm os interessados informados sobre sua saúde.

Existem listados cerca de 900 desses endereços na rede. Geralmente eles são mantidos com doações filantrópicas ou recursos de centros de saúde. Eles fornecem sistemas simplificados para que os usuários montem facilmente suas páginas. A correspondência do doente com as pessoas de seu ciclo social acontece por meio da criação de acessos, exigindo identificação e senha na maioria dos casos. Isso é feito para que o cotidiano do doente não vire um assunto aberto na internet. A iniciativa é um sucesso. Somente o site caringbridge (www.caringbridge.org), mantido pelo Dana-Faber/Brigham and Women’s Cancer Center, nos EUA, gerou sites para 187 pacientes nos primeiros 18 meses de existência e teve 256.953 visitantes. “O sistema deve ultrapassar os 500 mil visitantes antes do fim do ano”, diz Isadora O’Mayle, do centro.

O mesmo entusiasmo é revelado pelos organizadores do www.thesatus.com, endereço que também apresenta páginas de pacientes com câncer. “Os doentes e suas famílias recebem uma carga enorme de atenção. Mas muitas vezes isto pode ser pesado demais. Mesmo o afeto pode causar estafa”, afirma Karen Bliss, especialista no acompanhamento psicológico de pacientes com câncer terminal.
“Por meio do site, é possível fazer um diário e responder às pessoas de uma só vez”, explica Karen. Os endereços também oferecem informações sobre as doenças. “Foi por meio do carepages (www.carepages.com), site vinculado à Clínica Mayo, nos EUA, que soubemos de novas opções de tratamento para o mal de Alzheimer que aflige meu pai”, diz Marian Johnston, de Nova York.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias