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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta segunda-feira, 30, após participar de um fórum empresarial em São Paulo, que existe uma grande afinidade entre ele e a presidente Dilma Rousseff. Segundo Levy, a presidente está trabalhando para endireitar o Brasil e o governo promove agendas sobre quais existe grande consenso. "Houve um pouco de mal-entendido, mas a confiança mútua é muito sólida", comentou. "Nós somos um time liderado pela presidente e estamos jogando junto", acrescentou.

Levy foi bastante questionado pelos repórteres sobre a repercussão da declaração que deu na semana passada, de que Dilma tem o desejo de endireitar o Brasil, mas nem sempre faz as coisas do jeito mais eficiente. Na entrevista coletiva de hoje, ele disse que Dilma tem sido absolutamente explícita e genuína sobre a necessidade de promover o ajuste fiscal.
 
Perguntado sobre o seu papel no governo, se é apenas para promover os ajustes necessários no curto prazo ou se sua permanência seria por mais tempo, Levy desconversou e disse apenas que "a orientação da economia brasileira avança através do tempo". Sobre sua relação com o Congresso, afirmou que as conversas, mesmo quando é preciso explicar diferenças, são extremamente saudáveis.
 
Dilma: tenho clareza de que Levy foi mal interpretado
 
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, 30, em Capanema (PA), que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi mal interpretado sobre declaração dada em uma palestra em inglês a ex-alunos da Universidade de Chicago, em encontro realizado na semana passada em São Paulo. "Não tenho o que falar sobre Levy. O que o Levy falou está dentro de um contexto. Se você pegar fora do contexto, vai entender distorcido", afirmou a presidente. "Eu li e também tenho discernimento. Eu tenho clareza que ele foi mal interpretado. Tenho clareza disso", enfatizou Dilma.
 
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, que divulgou a gravação com a fala do ministro no encontro, Levy teria dito que a presidente nem sempre faz as coisas de maneira mais fácil e efetiva. "Ele falou que nós, e agradeço o elogio dele, fazemos um imenso esforço para fazer o ajuste. Em política, às vezes, eu não posso seguir o caminho curto. Eu tenho que ter o apoio de todos que me cercam. Então, temos uma questão de construir o consenso. Não temos que criar maiores complicações por isso", completou a presidente.
 
Segundo Dilma, Levy ficou "bastante triste" com a interpretação que foi dada a sua fala e a explicou "exaustivamente" o ocorrido.
 
Dilma disse hoje que o governo está trabalhando diariamente para que o Brasil retorne para uma taxa de crescimento compatível com seu potencial. "Cada dia é um dia. Nós estamos todos os santos dias, todos os minutos dos santos dias trabalhando para que o Brasil retorne para uma taxa de crescimento compatível com seu potencial. Agora uma coisa tenho que dizer: sem ajuste, fomos até onde pudemos, absorvendo no orçamento fiscal do País todos os efeitos da crise", disse a presidente em entrevista após cerimônia de entrega de casas do Minha Casa Minha Vida, em Capanema, no Pará.
 
Dilma ressaltou que trabalhou para desonerar a folha de pagamentos e se esforçou para manter os financiamentos com juros baixos. "Fizemos uma porção de desonerações. Estamos agora reajustando o que fizemos. Eu não estou acabando com os subsídios no Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES. Mas não consigo absorver 12% de juros. Estamos absorvendo menos", afirmou.
 
A presidente destacou que o programa de desoneração da folha resultou em uma renúncia fiscal de R$ 25 bilhões e disse que esta perda agora será de R$ 12 bilhões. "Você tem que adequar em política econômica toda a sua ação à mudança da realidade. Eu tenho certeza que o Brasil volta a crescer se fizer essa movimentação", acrescentou.
 
Reformas
 
Ela aproveitou também para reclamar das avaliações negativas em relação ao PIB. "Mesmo com a revisão dos dados do PIB, falaram que o Brasil cresceu muito pouco em 2014. Agora ninguém diz que os dados da solvência melhoraram todos, todos. Nós estamos agora com 58% da dívida bruta sobre o PIB e, se não me engano, 39% ou 36% da líquida. Não tenho certeza."
 
Com relação à pressão para fazer reformas, Dilma afirmou que agora fará os ajustes para só depois pensar em reformas. "Eu repito: não anuncio coisa que vou fazer. Tem várias reformas que tenho que fazer depois do ajuste."