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Tomar aspirina ou ibuprofeno tende a reduzir o risco de desenvolver câncer de cólon para a maioria das pessoas, mas não funciona em uma minoria com algumas variações genéticas, afirmaram pesquisadores nesta terça-feira (17).

As descobertas publicadas na revista Journal of the American Medical Association (JAMA) se baseiam na análise de 10 amplos estudos na Austrália, Canadá, Alemanha e Estados Unidos. Mais de 16 mil pessoas – todas de origem europeia – participaram da pesquisa.

Os dados confirmaram que o uso regular de aspirina ou anti-inflamatórios não esteroidais (NSAIDs) está relacionado a um risco 30% menor de desenvolver câncer colorretal para a maior parte das pessoas acompanhadas.

Mas o benefício preventivo não foi observado em pessoas com variantes relativamente incomuns em genes nos cromossomos 12 e 15, apontou o estudo.

Já que o uso de aspirina e outros anti-inflamatórios apresentam riscos, como hemorragia interna, os médicos devem avaliar junto aos pacientes os potenciais perigos e benefícios, afirmou o professor da escola de medicina de Harvard Andrew Chan, co-autor da pesquisa.

"O estudo sugere que adicionar informação sobre o perfil genético de alguém pode ajudar na tomada desta decisão", disse Chan, que é membro do setor de gastroenterologia do Hospital Geral de Massachusetts.

"Contudo, ainda é cedo para recomendar o mapeamento genético para guiar os cuidados clínicos, já que nossas descobertas precisam ser validadas em outras populações", prosseguiu.

Nos Estados Unidos, pessoas negras são confrontadas com taxas muito mais elevadas de câncer colorretal e morte por este tipo de tumor do que pessoas brancas – e esta população ficou de fora do estudo.

Os pesquisadores também esperam que mais estudos ajudem a encontrar se os genes desempenham algum papel na probabilidade de se desenvolver efeitos colaterais perigosos com o uso de aspirina e NSAIDs.

Avanços na medicina de precisão, que tem como objetivo tratamentos geneticamente personalizados, significam que estudos como este podem ter um impacto tangível em pouco tempo, avaliaram os especialistas.

"Em um futuro não muito distante, será possível conduzir testes genéticos eficientes e mais baratos em indivíduos saudáveis para definir precisamente os benefícios e riscos de intervenções que podem diminuir os riscos de doenças", apontou o editorial da JAMA, escrito por Richard Wender, da Associação Norte-americana de Câncer em Atlanta.

"A habilidade de traduzir mapeamento genético em tratamentos preventivos personalizados para cada indivíduo ainda está um pouco longe, mas com estudos como este, o caminho – por mais árduo que seja – fica mais iluminado", concluiu.