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O principal operador da organização criminosa que fraudava contratos de financiamentos de imóveis em três agências bancárias da Caixa no Rio está preso e quatro funcionários do banco foram demitidos, informou a Polícia Federal (PF). A organização é alvo da Operação Dolos, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, 17. Por volta de 11h30, "praticamente todos" os 34 mandados de condução coercitiva foram cumpridos, segundo o delegado federal Rafael Andreata.

A operação identificou fraude de R$ 100 milhões, valor total de cerca de 100 operações de financiamento imobiliário aprovadas pela Caixa de forma irregular. Os criminosos, que atuavam com a ajuda de empregados da própria Caixa, facilitavam o recebimento de valores de contratos de até R$ 1 milhão, aceitando documentos falsos e liberando os valores sem as devidas garantias. Em alguns casos, os imóveis, a maioria localizada na Região dos Lagos, litoral norte do Rio, sequer existiam.
 
O operador do esquema foi preso em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Contra ele havia mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão. Enquanto os agentes da PF cumpriam o mandado de busca, encontraram na casa do operador, cujo nome não foi divulgado para preservar as investigações, uma pistola 9 mm. Por isso, explicou o delegado Andreata, o operador foi preso em flagrante, por posse de arma de uso restrito.
 
Dos 34 investigados que foram conduzidos à Superintendência da PF no Rio, 29 são do Estado. O restante é de São Paulo e Minas Gerais e trabalha como avaliadores de imóveis terceirizados da Caixa. O fato de as operações de crédito em agências do Rio usarem avaliadores de outros Estados chamou a atenção dos controles internos da Caixa, que acionou a PF.
 
"Nossos controles internos foram efetivos, auxiliaram nesse início do processo. Isso reforça que os mecanismos funcionam", afirmou José Domingos Martins, superintendente da Caixa no Rio, destacando que os controles serão intensificados a partir da descoberta do novo esquema. As fraudes, disse a Caixa, foram identificadas pelo banco por meio de mecanismos de controle interno. A instituição encaminhou uma "notícia-crime" à PF para apurar a ação criminosa.
 
Os quatro funcionários demitidos, segundo Martins, descumpriram normas internas de Caixa. De acordo com o delegado Andreata, as investigações prosseguem e um dos investigados está negociando um acordo de delação premiada.
 
Caixa
 
A Caixa Econômica Federal confirmou que os funcionários envolvidos nas fraudes de financiamentos de imóveis em três agências do banco foram demitidos e suspensos. "O banco já submeteu os empregados envolvidos a processo de apuração interna, que já resultou em demissões e suspensões", afirmou a Caixa, em nota.
 
Além de mandados de busca e apreensão, a PF afastou dez empregados públicos, incluindo gerentes regionais da Caixa. Os investigados são indiciados por associação criminosa, falsificação de selo ou sinais públicos, falsificação de documentos públicos, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de capitais.
 
Além do afastamento dos empregados, a PF cumpriu 31 mandados de busca e apreensão, apreendeu 20 veículos e bloqueou dezenas de contas correntes. A Caixa ressaltou que continuará "contribuindo integralmente" para investigações da PF.