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Após mais de 50 minutos lendo e atacando a petição da Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu cumprimentos e manifestações de solidariedade dos membros da CPI da Petrobras. Em desagravo a Cunha, os deputados enfatizam que não há provas contra o peemedebista.

Parabenizando o presidente pela "brilhante fala", o líder do Solidariedade Arthur Maia (BA) disse que quem faz delação premiada tem obrigação de comprovar as denúncias e que o peemedebista não tem "nada a ver" com o episódio. "Parlamentar não indica presidente de Petrobras, não nomeia diretor de Petrobras, não autoriza compra de Pasadena. Cadê o chefe?", discursou.
 
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse que a atitude de Cunha de vir espontaneamente à CPI foi "cidadã" e que ele não fugiu dos esclarecimentos. Ele falou em "fragilidade" dos indícios apontados pela PGR contra o colega de partido. "Vossa excelência usa oportunidade como esclarecimento muito importante para nós do PMDB. O PMDB não indicou Nestor Cerveró (ex-diretor da Petrobras), o senhor Fernando Soares não é e nunca foi operador do PMDB. Não temos restrições às investigações", afirmou.
 
O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) disse que não se pode permitir que a crise "atravesse a rua" e criticou a tentativa "espúria" de criminalizar doações legais para atingir a Casa. "O senhor vem aqui mostrar qual é a jogada por trás disso", comentou. ()
 
Pérolas
 
Ao ler a petição da Procuradoria-Geral da República (PGR), o peemedebista apontou supostas contradições, fraquezas da peça, ridicularizou e falou em "pérolas" do procurador-geral, Rodrigo Janot. "Isso é realmente uma piada", disse.
 
Atacando o que chama de politização do processo, Cunha mandou um recado ao Palácio do Planalto. "Não vamos aceitar transferir a crise para o outro lado da rua". Ao final do "monólogo", Cunha foi aplaudido por parte dos que acompanham a reunião.
 
Cunha disse que o inquérito não está sendo aberto para apurar circunstâncias de suposto benefício a agentes políticos e reclamou que não houve investigação de doações de campanha ao senador Delcídio Amaral (PT-MS). Ele ressaltou que as delações não têm depoimentos coincidentes e que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não fez menção, por exemplo, a seu nome. "A forma da colocação da petição da PGR é pífia. Incoerências estão em todas as petições", acusou.
 
Ele também criticou a tentativa da PGR de criminalizar as doações legais de campanha. "Ilegal é quem pega dinheiro de caixa 2", declarou o peemedebista, citando uma lista de parlamentares do PSD e do PT que receberam recursos da Camargo Corrêa.
 
Na CPI da Petrobras, líderes reforçam apoio a Cunha na presidência da Câmara
 
Líderes partidários que acompanharam na manhã desta quinta-feira, 12, o depoimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), à CPI da Petrobras manifestaram apoio para que o peemedebista continue no comando da Casa. Até o PT saiu em defesa do parlamentar, que foi incluído na lista de investigados da Operação Lava Jato.
 
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), disse que não há razão para acusá-lo agora, que a judicialização é muito prejudicial para a disputa política e que a divulgação do nome dos envolvidos é "extremamente maldoso para a imagem das pessoas". "Expresso em nome do meu partido esse respaldo no sentido de que continue presidindo a Câmara com independência e autonomia", reforçou.
 
Os líderes Maurício Quintella Lessa (PR-AL), Mendonça Filho (DEM-PE) e André Moura (PSC-SE) disseram ter "total confiança" em Cunha para que ele continue exercendo suas funções e sugeriram que ele é vítima de "intimidação". "Vossa Excelência não é um deputado, Vossa Excelência representa o Parlamento e ocupa o terceiro cargo da República", exaltou Mendonça.
 
Ao elogiar a vinda espontânea de Cunha, o deputado Aluísio Mendes (PSDC-MA) disse que ele sai dessa sessão politicamente "maior". "O senhor é mais presidente dessa Casa do que à véspera dessa lista", emendou o líder da minoria, Bruno Araújo (PSDB-PE).
 
Cunha: não desqualifiquei a lista, desqualifiquei minha participação na lista
 
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou que tenha desqualificado a lista dos investigados na Operação Lava Jato que a Procuradoria Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Não desqualifiquei a lista. Desqualifiquei a minha participação na lista. Em nenhum momento fiz críticas ao ministro Teori Zavascki. Diferente do procurador, ele foi uniforme em suas decisões", pontuou.
 
Apesar de declarar respeito ao Ministério Público, Cunha condenou o que chamou de "jogo político" e o procurador Rodrigo Janot foi alvo principal de suas críticas. "Um procurador-geral que depende do Executivo para sua reeleição deveria declarar publicamente que não é candidato à reeleição para resguardar sua posição de independência", afirmou o peemedebista em resposta à deputada Eliziane Gama (PPS-MA).
 
Em mais de três horas de depoimento, Cunha recebeu dezenas de elogios dos membros da CPI e apoio à tese de que o Palácio do Planalto quer envolver os parlamentares no "mar de lama" da corrupção na Petrobras. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que concorreu contra ele pela presidência da Casa, disse que não acreditava em sua ligação com o esquema de corrupção na estatal, mas afirmou que não há como tirar a crise do Parlamento. "Há denúncias de pessoas que estão envolvidas neste Parlamento. Infelizmente essa crise chegou ao Parlamento. Ela está no Parlamento porque houve participação de partidos", comentou.
 
Delgado afirmou que se a crise também está do outro lado da Praça dos Três Poderes. "O PMDB está do outro lado" da praça com o vice-presidente da República, Michel Temer. Ele disse que é preciso ter paciência para separar joio de trigo porque tem "muito joio" no Parlamento.
 
Cunha: entre os nomes de Lula, Dilma e Palocci, procurador escolheu Gleisi
 
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou que tenha feito acusações contra o senador Delcídio Amaral (PT-SP), que teve seu processo na Operação Lava Jato arquivado pela Procuradoria-Geral da República. Citando a abertura de inquérito contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), Cunha disse que a delação premiada também mencionava os nomes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da presidente Dilma Rousseff e do ex-ministro Antonio Palocci, mas só Gleisi foi "escolhida".
 
"Mostrei a incoerência do procurador que escolheu a quem investigar. Ele não adotou o mesmo critério para todos", declarou. Para ele, o procurador Rodrigo Janot precisa explicar por que escolheu quem deveria ser investigado na Operação Lava Jato.
 
Cunha considerou que a mudança na regra de licitações permitindo cartas convites às empresas favoreceu a formação de cartel. "Foi um fator motivador. Isso se mostrou a porta aberta para que se permitisse instalar uma lista de privilegiados na execução de obras da Petrobras", afirmou o peemedebista em resposta ao líder do PSD, Rogério Rosso (DF).
 
Questionado sobre o que faria se fosse presidente da Petrobras, Cunha respondeu que teria feito o que já está em curso: a troca de toda a diretoria da estatal. "A Petrobras precisa recuperar sua credibilidade", concluiu.