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O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), escolheu a CPI da Petrobras como instrumento para demonstrar seu descontentamento pela inclusão de seu nome na lista de inquéritos da Operação Lava Jato. O PMDB apresentará nesta quinta-feira, 5, na primeira sessão de fato da comissão, um pacote de medidas que contraria o PT e o governo federal.

Aliado de Cunha, o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciará a contratação de uma empresa estrangeira para investigar movimentações financeiras no exterior e a criação de quatro sub-relatorias – enfraquecendo o trabalho do relator, Luiz Sérgio (PT-RJ) -, além de não permitir a ampliação das investigações para o governo de Fernando Henrique Cardoso e dar prioridade a um requerimento que questiona os acordos de leniência defendidos pelo governo.

Para investigar crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Motta planeja contratar a multinacional Kroll, uma das maiores empresas de auditoria e investigação mundial, que já atuou em casos como o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor. "A CPI não pretende ficar a reboque das informações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Estamos convencidos de que existem informações que não foram alcançadas", disse o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ).

Cunha também apoiou a contratação da empresa. "Se a CPI deliberar qualquer tipo de contratação de empresa de investigação, a mim só cabe apoiar a CPI. Não faltará apoio até porque queremos que essa investigação vá a fundo, se apure tudo o que tem que ser apurado", disse o presidente da Câmara.

Convocação

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Motta também deve dar atenção especial a um requerimento do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para convocação do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, para esclarecer a possibilidade de se firmar acordos de leniência com empresas investigadas. A intenção é enfraquecer a possibilidade de acordo, que permite às empreiteiras pagar multas menores e continuar fazendo contratos com o poder público.

O presidente da comissão comunicará oficialmente hoje que a CPI não poderá ser estendida ao período do governo FHC e anunciará os nomes dos quatro sub-relatores, que dividirão o trabalho com Luiz Sérgio. "Quem pensava que se estava preparando uma pizza pode se preparar que vai ser uma pizza de pimenta malagueta, bem ardida", disse Marun.

Petistas se mostraram surpresos com as proporções da rebelião do PMDB na CPI. O relator Luiz Sérgio ainda ontem ajustava o cronograma de trabalho que apresentará na sessão desta quinta-feira. O ex-ministro de Relações Institucionais do primeiro governo Dilma Rousseff disse a interlocutores ser contrário, por exemplo, ao estabelecimento das sub-relatorias, por "pulverizar" seu trabalho.

Sérgio deve apresentar um plano de trabalho enxuto e com uma série de pedidos de convocação de nomes já mencionados nos 336 requerimentos apresentados até ontem. Com a impossibilidade de ampliar o período a ser investigado, o partido pretende garantir a convocação de Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que em depoimento à Polícia Federal disse ter começado a receber propinas em 1997. O relator também vai solicitar a participação de representantes da PF, da CGU, da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) para dar celeridade ao trabalho.


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