Quando foi eleito primeiro-ministro da Grécia, em janeiro, Alexis Tsipras prometeu renegociar os termos do resgate bilionário concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela Comissão Europeia em 2010. Desde então, sua retórica antiausteridade vem sendo colocada à prova. Na semana passada, depois que Atenas chegou a um acordo de extensão do empréstimo europeu, o governo do Syriza, coalizão da esquerda radical, buscou apoio parlamentar para um novo financiamento, sob críticas de quem o acusa de trair as promessas de campanha. Para que o país tenha mais quatro meses de prorrogação do resgate, a Grécia teve de fazer concessões, como se comprometer a respeitar os programas de privatização em curso.

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BOM DE BRIGA
O ministro grego Yanis Varoufakis não teve medo de enfrentar
o ministro alemão na costura do novo acordo

Ainda assim, na quarta-feira 25 o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, disse que iria interromper a privatização da principal companhia de eletricidade e da operadora de distribuição – o que mostra que o caminho de conciliação com os credores será árduo. No mesmo dia, o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, fez uma previsão sombria. “Não teremos problemas de liquidez no setor público, mas certamente teremos problemas para pagar a dívida ao FMI agora e ao BCE em julho”, disse em entrevista a uma rádio local. O tamanho do desafio é enorme. A dívida com o FMI, que vence em março, é de 1,6 bilhão de euros, e com o BCE, de 6,7 bilhões de euros. Ainda mais radical que Tsipras, Varoufakis é defensor de um agressivo corte na dívida e da relação de seu pagamento ao crescimento nominal do PIB. Durante as reuniões com os ministros do Eurogrupo, o grego se opôs frontalmente a seu equivalente alemão, o severo Wolfgang Schäuble. Segundo a agência Reuters, Schäuble disse que Varoufakis “força os limites da solidariedade dos parceiros europeus”.

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Foto: EFE/EPA/OLIVIER HOSLET