Os visitantes que apreciam o acervo do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, no Paraná, têm um motivo a mais para frequentar o espaço. Um novo lote com 48 obras de arte, apreendido pela Polícia Federal na nona fase da Operação Lava Jato, foi entregue à instituição na quarta-feira 11. Os quadros, de grande porte e alto valor, foram trazidos do Rio de Janeiro por uma transportadora especializada. A coleção conta com artistas renomados, como Amilcar de Castro, Salvador Dalí, Pedro Motta e Vik Muniz. “As obras passarão por um processo de higienização antes de serem expostas”, diz Estela Sandrini, diretora cultural do museu. Os bens foram apreendidos na casa de Zwi Zcorniky, representante do estaleiro Keppel Fels e acusado de atuar como intermediador do pagamento de propina em contratos com a Petrobras. Há suspeitas de que as telas tenham sido utilizadas para lavagem de dinheiro. Por determinação do juiz Sérgio Moro, os objetos foram apreendidos porque podem servir para a reparação dos crimes. É o segundo lote que o museu recebe. Em janeiro, em outra fase da operação, 16 quadros de artistas como Iberê Camargo, Cícero Dias, Aldemir Martins e Di Cavalcanti, retirados da casa da doleira Nelma Kodama, foram entregues à instituição.

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COLEÇÃO
O lote com 48 obras foi apreendido na casa do operador Zwi Zcorniky,
no Rio, e chegou na quarta-feira 11 ao museu paranaense

A expectativa é que a curiosidade em torno das obras atraia público, hoje estimado em 36 mil visitantes por mês. “Algumas pessoas já estão vindo ao museu especialmente para conhecer os quadros da operação Lava Jato”, diz Fernando Bini, professor de história da arte da Universidade Federal do Paraná e membro do conselho do museu. “São itens que despertam interesse pela relevância cultural e pelo contexto político.” As primeiras telas que chegaram ao espaço completaram o acervo de arte moderna. Já o novo lote é composto de quadros contemporâneos, a maioria produzida após o ano 2000.

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ATRAÇÃO
Obras de Cícero Dias, do primeiro lote, já estão expostas ao público

A coleção será mantida sob custódia do museu por se tratar de um espaço que segue padrões internacionais de clima e temperatura para armazenagem de obras de arte. Antes de serem expostos, os quadros do novo lote serão submetidos a exames para constatar a autenticidade e o estado de conservação. “À primeira vista, todos parecem ser autênticos, mas passarão pela avaliação de pessoas que identificarão o período da tela e o histórico do artista”, explica a diretora Estela. Serão produzidos laudos técnicos e as obras ficarão em um período de quarentena, isoladas do restante do acervo para descartar a existência de cupim ou fungos.

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Fotos: Comunicação Social da Polícia Federal; Rodolfo Buhrer / La Imagem /Fotoarena/Folhapress