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Desafeto do governo do PT, Eduardo Cunha (PMDB) foi eleito neste domingo (1º) presidente da Câmara dos Deputados.

Cunha é apoiado por PMDB, PTB, DEM, Solidariedade, PP e PSC, entre outros.

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O peemedebista recebeu 267 votos. O candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP ) teve 136 votos, Júlio Delgado (PSB-MG) obteve100 votos e Chico Alencar (PSOL-RJ) conquitou 8 votos. Dois deputados votaram em ranco. Eduardo Cunha exercerá o comanda da Câmara nos dois próximos anos.

A eleição foi definida em primeiro turno porque Cunha obteve mais que a metade mais um dos votantes. Todos os 513 deputados votaram no pleito.

O deputado foi o primeiro a lançar sua candidatura e, por algum tempo, foi o favorito para a presidência da Câmara. Apesar de o PMDB fazer parte da base de apoio de Dilma, o petista é o favorito do Planalto.
 
O peemedebista disse que buscará uma Câmara mais independente “nem contra nem submissa ao governo. Uma Câmara mais altiva. Não viemos fazer qualquer tipo de bravata. Só vamos cumprir o regimento interno e a Constituição e tratar todos com igualdade, seja do governo ou da oposição”.
O deputado foi um dos articuladores do chamado blocão, grupo de parlamentares insatisfeitos com o governo e que causou algumas derrotas à presidenta no Congresso. 

Cunha atribuiu a "alopragens" e viu objetivos políticos quando teve seu nome envolvido como suposto receptor de propina do doleiro Alberto Youssef, no âmbito da operação Lava Jato. Depois de notícias serem divulgadas, o advogado de Youssef negou envolvimento de seu cliente com o peemedebista. Durante a campanha, o parlamentar também divulgou um áudio que, segundo ele, teria sido forjado para prejudicá-lo. "Foi uma campanha muito dura, na qual fui muito atacado e agredido", afirmou.

"Independência"

Cunha destacou por diversas vezes que a Câmara precisa ser "independente" – seu principal mote de campanha – e não "submissa" aos interesses do Palácio do Planalto. "Ninguém vai ver eu me curvar a algo que não seja a maioria desta Casa", frisou. No seu entender, um petista na presidência da Câmara criaria essa submissão, uma vez que o partido comanda o governo.

"As eleições (para presidente da República), muito diferente das três anteriores, não teve uma hegemonia eleitoral, mas uma vitória eleitoral. Isso não dá condições para uma hegemonia política", disse Cunha.

Cunha aproveitou os 10 minutos aos quais teve direito na tribuna para fustigar seu principal adversário, o petista Arlindo Chinaglia (SP). Ele citou a eleição para a presidência da Câmara que opôs o hoje ministro Aldo Rebelo (PCdoB), então candidato com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o próprio Chinaglia. "O Aldo Rebelo disse que não podemos concentrar num único partido o poder do Legislativo e do Executivo. Infelizmente não ouvimos (a ele) e vimos a diferença de ter o mesmo partido nos dois poderes", afirmou.

Avanços

Na esteira do discurso anti-hegemonia que sedimentou sua campanha, Cunha alegou que os principais avanços institucionais da Câmara dos últimos anos ocorreram quando peemedebistas estiveram na presidência. Ele citou a interpretação constitucional do hoje vice-presidente Michel Temer que "destrancou" votações antes bloqueadas por medidas provisórias. Também disse que o outro grande avanço veio com o Orçamento Impositivo, mecanismo pelo qual o Executivo é obrigado a pagar emendas parlamentares individuais.

"Se for possível, na próxima semana vamos votar o segundo turno dessa PEC (do Orçamento Impositivo)", prometeu Cunha. "Paramos de ir de pires na mão mendigar verbas nos ministérios", emendou o peemedebista, que também disse que estenderá o Orçamento Impositivo para as emendas coletivas de bancada.


Para Cunha, é preciso devolver à Câmara a dimensão que ela deve ter e recuperar a "altivez" e o "orgulho" da Casa . "O provo precisa de leis e de deputados fortes que o representem e ajudem o nosso País", defendeu.

Renan é reeleito no Senado

Renan Calheiros (PMDB-AL) foi reeleito presidente do Senado neste domingo (1º), com 49 votos. Seu companheiro de partido Luiz Henrique da Silveira, de Santa Catarina, recebeu 31 votos.

Calheiros assume mais uma vez a presidência sob o discurso da austeridade e do resgate da imagem da casa legislativa diante do povo, apesar de ser, ele mesmo, alvo de ação de improbidade na Justiça Federal em Brasília.

A vitória apertada foi conseguida por uma diferença de apenas 18 votos. "A disputa agora já é passado e todos os senadores e senadoras ansiamos pelo futuro. Serei o presidente de todos os senadores. Como já demonstrado (na gestão passada), desejo demonstrar meu compromisso com a autonomia do Senado Federal", disse.

Em seu discurso de candidatura, Silveira havia criticado Renan por de se "vergado" ao Palácio do Planalto para obter vantagens políticas, como a indicação de ministros e executivos de estatais. Por isso, afirmou, colocou o tema na sua fala de agradecimento.

Renan também foi criticado pela forma como conduz o Senado, apontada por Silveira como pouco democrática. "Aqui buscamos o consenso até o limite, sem que ele implique na negação de liderança", rebateu Renan, após reeleito. "O entendimento nunca será a supressão da vontade de quem pode menos pela força de quem pode mais. Aqui todos podem mais por sermos todos iguais", disse.

Apesar do tom áspero das respostas, Renan elogiou Silveira "pela correção e espírito publico verificado ao longo da sua trajetória".

 


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