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A Petrobras admitiu, nas notas explicativas do balanço publicado na noite desta terça-feira (27), que possui ativos superavaliados em R$ 88,6 bilhões.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, esses ativos, que representam quase 15% do total de plantas e equipamentos da companhia, seriam indevidamente incorporados como investimentos, mas representavam, na verdade, valores desembolsados com propinas e contratos superfaturados.

Após 10 horas de reunião, a estatal petroleira decidiu não ajustar o balanço levando em conta esses ativos "podres" por considerar que não havia consenso sobre a fórmula a ser empregada para isso.
 
A companhia admitiu a impossibilidade de avaliar de forma correta, completa e definitiva os valores de imóveis, plataformas, refinarias, máquinas e benfeitorias em bens locados ou arrendados (ativos imobilizados) que sofreram impacto em razão de desvios de empresas fornecedoras, agentes políticos e funcionários públicos da própria estatal.
 
As demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 mostram um lucro líquido de R$ 3,084 bilhões, queda de 38% na comparação com o trimestre anterior.
 
Segundo a Folha, as perdas que não foram incorporadas ao balanço incluem a superavaliação da refirnaria de Abreu e Lima, cotada em US$ 18,5 bilhões, mas que valeria, na verdade, US$ 7 bilhões.
 
Em nota de esclarecimento divulgada durante a publicação das demonstrações contábeis, a Petrobras informou que – devido à falta de consenso – a empresa está buscando “avaliar outras metodologias que venham a atender às exigências dos reguladores de mercado – CVM [Comissão de Valores Mobiliários]  e SEC [órgão regulador das bolsas de valores americanas], com objetivo de divulgar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014”, revisadas pelos auditores independentes.
 
A empresa admite que considerou a adoção de abordagens alternativas para correção dos valores das demonstrações contábeis. Segundo a nota, a empresa avaliou a possibilidade de uso de um percentual médio de pagamentos indevidos, já citados em depoimentos, e também a avaliação de um valor justo dos ativos cuja constituição se deu por meio de contratos de fornecimento de bens e serviços firmados com as empresas citadas na Operação Lava Jato.
 
No entendimento da Petrobras, no entanto, essas opções se mostraram inapropriadas para substituir a "impraticável" determinação do sobrepreço relacionado a esses pagamentos indevidos.
 
Segundo a empresa, essa divulgação das demonstrações contábeis revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender a obrigações da companhia de facultar o acesso a informações aos seus públicos de interesse, cumprindo o dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no âmbito da Operação Lava Jato.
 
Caixa e operações não serão afetados pela Operação Lavo Jato, diz Graça Foster
 
O caixa e a capacidade operacional da Petrobras não serão afetados por ajustes decorrentes da Operação Lava Jato ou de qualquer outro relacionado ao valor dos seus ativos.
 
A afirmação é da presidenta da empresa, Maria das Graças Foster, em nota aos acionistas e investidores, nesta madrugada, quando da publicação das demonstrações  contábeis não revisadas pelos auditores independentes relativas ao terceiro trimestre de 2014.
 
Graça Foster destacou que a companhia tem implementado ações que permitem afirmar que não será necessário recorrer a novas dívidas no ano de 2015 em função dos fatores que favorecem o fluxo de caixa da Petrobras.
 
A presidenta disse, ainda, que preservará a manutenção da política de preços do diesel e da gasolina de não repassar a volatilidade do mercado internacional, o que, na situação atual, favorece o caixa da empresa. “Nosso patamar atual de produção de petróleo e derivados nos assegura o mesmo patamar de geração operacional, mesmo com o preço do barril de petróleo Brent variando entre US$ 50 bbl (por barril) e US$ 70 bbl”, justifica Foster.
 
As demonstrações contábeis da Petrobras indicam que no terceiro trimestre do ano passado o lucro líquido totalizou R$ 3,1 bilhões, resultado 38% abaixo dos R$ 5 bilhões registrados no 2º trimestre, refletindo o menor lucro operacional que foi R$ 4,6 bilhões. Isso significa um lucro operacional 48% abaixo do registrado no 2º trimestre (R$ 8,8 bilhões).
 
Essa redução é explicada, principalmente, por gastos com o Acordo Coletivo de Trabalho (R$ 1 bilhão), pelo pagamento do acordo com a Bolívia para importação do gás natural (R$ 900 milhões) e pelas baixas no ativo referente aos Projetos Premium I e II (R$ 2,7 bilhões).
 
Segundo a Petrobras, a maior produção de petróleo e a consequente exportação agregaram R$ 2,4 bilhões ao resultado operacional do terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior.
 
No balanço, a estatal projeta um crescimento da produção da ordem de 4,5%. “O fato é que 2015 dá sequência aos eventos de 2014, quando adicionamos quatro novas plataformas que agora estão em curva de ramp-up (linha de tendência de evolução) e aumentamos nossa frota de PLSV de 11 para 19 navios. Assim, a produção será sustentada pela interligação de 69 poços produtores e injetores e pela entrada em operação da P-61/TAD (Papa-Terra) no primeiro trimestre e do FPSO Cidade de Itaguaí (Campo de Iracema Norte) no quarto trimestre deste ano”, informa Graça Foster.
 
Ela ressaltou que a empresa espera ter uma geração operacional – incluindo o pagamento de impostos antes dos juros, dividendos e amortizações – entre US$ 28 bilhões e US$ 32 bilhões em 2015, considerando patamares de Brent entre US$ 50 bbl e US$ 70 bbl e taxa de câmbio entre R$ 2,60 e R$ 2,80 o valor do real em relação ao dólar. “Consideramos que teremos à disposição garantias da União Federal para os recebíveis do setor elétrico, que permitirão a negociação desses créditos no mercado bancário”, destacou Graça Foster.