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O Sistema Cantareira recebeu 151,1 bilhões de litros de água a menos do que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) esperava, levando em consideração o cenário mais pessimista. A pior previsão compara os dias de hoje com 1953, até então o ano mais seco da história do reservatório antes de 2014.

A projeção para o começo da época de estiagem deste ano – que começa no último dia de abril – faz parte de uma expectativa de demanda do reservatório que atende 6,5 milhões de pessoas. O documento foi entregue em outubro de 2014, pela Sabesp, para a Agência Nacional de Águas (ANA).
 
Nele, a companhia afirma esperar que, caso a situação seja igual a de 1953, haveria um déficit de 50,1 bilhões de litros de água no sistema ao fim de abril. Isso quer dizer que, pela projeção mais pessimista feita à época, o Cantareira não recuperaria tudo o que já havia sido utilizado dos 182,5 bilhões de litros do primeiro volume morto.
 
Entre outubro e dezembro de 2014, somado ao que já havia sido registrado em janeiro do mesmo ano, entraram apenas 75,2 bilhões de litros de água. Em 1953, a entrada relatada foi de 226,3 bilhões.
 
Essa diferença de 151,1 bilhões de litros de água, que não entrou nos mananciais que formam o reservatório, representa 15,3% do total do sistema, sem levar em consideração as duas reservas técnicas. Excluindo os volumes mortos dessa conta, que estão abaixo do nível normal de captação de água das represas, o Cantareira está 23,7% no negativo.
 
A projeção de demanda da companhia também apostava em outros cenários. Caso chovesse 75% da média esperada, o reservatório chegaria ao fim de abril com 148,8 bilhões de litros, recuperando o volume morto utilizado.
 
Já na previsão mais otimista da empresa, o Cantareira poderia chegar a 369,75 bilhões de litros de água, o que poderia deixar o reservatório em 37,6% da capacidade, já preenchendo o volume morto utilizado. A última vez que o sistema registrou esse número foi no dia 27 de outubro de 2013. Exatos três meses depois, a Sabesp alertou para o início da crise.
 
Mas a situação é completamente diferente das expectativas da Sabesp. "O que estamos vendo agora é que a situação é pior do que 2013 e 2014. As vazões afluentes estão piores, então é preciso reformatar o voo", disse o diretor metropolitana da Sabesp, Paulo Massato.
 
Agora, sem as chuvas esperadas no mês de janeiro, que está mais seco do que o mesmo mês de 2014, o governo estadual aposta em usar água da Represa Billings para tentar driblar a crise hídrica na Grande São Paulo. A Sabesp quer ampliar a transferência de água que já é feita para a Represa do Guarapiranga, na zona sul paulistana, através do braço Taquacetuba. No dia 21, um comunicado conjunto elaborado por ANA e Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), definiu que o déficit do Sistema Cantareira em janeiro não pode ser superior a 22,9 bilhões de litros.
 
Queda contínua
 
A previsão da Sabesp que não se concretizou deixa ainda mais alarmante a situação. O jornal O Estado de S. Paulo mostrou ontem que, um ano após a crise hídrica, o estoque de água disponível para abastecer 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo caiu 74%. Quando a região começou a enfrentar a severa estiagem, a quantidade total de água armazenada em todos os reservatórios da região metropolitana era de 47,3%.
 
No domingo, 25, o Sistema Cantareira registrou a 14ª queda consecutiva, passando de 5,2% para 5,1% da capacidade total. Já o Alto Tietê, que havia registrado três altas seguidas, ficou estável em 10,4%. O Guarapiranga aumentou de 39,4% para 41,1%.
 
Nesta segunda-feira, o Cantareira interrompeu a sequência de quedas e se manteve estável com 5,1% de sua capacidade. O atual cálculo da Sabesp já considera duas cotas do volume morto, de 182,5 bilhões e de 105 bilhões de litros de água, acrescentadas em maio e outubro, respectivamente.
 
Esta é apenas a quinta vez que o Cantareira se mantém estável no ano. Nas últimas 24 horas, choveu sobre a região das represas 17,1 mm. Já nos 26 primeiros dias do mês, a precipitação acumulada é de 113,2 mm, metade do previsto caso a média histórica de 8,7 mm de chuva por dia estivesse se repetindo.
 
Outros mananciais
 
Os Sistemas Guarapiranga, Rio Grande e Rio Claro registraram aumento do volume de água armazenada, enquanto o Alto Tietê e o Alto Cotia tiveram queda. Com 33,6 mm de chuvas entre este domingo, 25, e esta segunda-feira, o Guarapiranga aumentou 2,6 pontos porcentuais e opera com 43,7%, contra 41,1% do dia anterior. A precipitação acumulada sobre o manancial em janeiro soma 188,4 mm, levemente do esperado para o período – 192,1 mm. A média histórica é de 7,3 mm de chuva por dia.
 
Já o Sistema Cantareira subiu 1 ponto porcentual após registrar 5,2 mm de chuvas e opera com 74% de sua capacidade, ante 73% deste domingo. Por sua vez, sobre o Rio Grande choveu somente 1,2 mm, o suficiente para fazer o manancial aumentar 0,1 ponto porcentual e ir de 27,3% para 27,4%.
 
O Alto Tietê, segundo principal manancial da Grande São Paulo, caiu 0,1 ponto porcentual depois de um dia de estabilidade e opera nesta segunda-feira com 10,3% de sua capacidade, contra 10,4% do dia anterior – – números que já incluem 39,4 bilhões de litros de água do volume morto, adicionados em dezembro. Sobre as represas, choveu 7,1 mm.
 
No Alto Cotia, o menor entre os seis principais reservatórios, também houve queda de 0,1 ponto porcentual. O sistema está agora com 28,5% de sua capacidade, ante 28,6% do dia anterior. A chuva sobre o manancial foi de apenas 0,2 mm.


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