cha-ministros.jpg

A escolha de dois amigos gaúchos – Miguel Rossetto na Secretaria-Geral da Presidência e Pepe Vargas nas Relações Institucionais – para ocupar gabinetes no Palácio do Planalto e do também camarada Jaques Wagner para a Defesa irá acirrar a disputa sobre o setor da Esplanada que irá influenciar mais as decisões da presidente Dilma Rousseff durante seu segundo mandato.

Até agora, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, reinava sozinho como conselheiro direto da presidente. Os antigos titulares da articulação política e da Secretaria-Geral, Ricardo Berzoini, que foi escolhido para as Comunicações, e Gilberto Carvalho, que deixou o governo, eram considerados mais ministros do ex-presidente Lula do que de Dilma.

Mercadante, ao contrário, participou de todas as conversas com a presidente para a escolha dos novos ministros, fossem do PT, fossem de partidos aliados. Ele foi também peça-chave na administração da crise durante as manifestações de rua de junho de 2013, quando a popularidade de Dilma despencou.

Atuou ainda ativamente na campanha à reeleição da presidente, dividindo a posição com Miguel Rossetto. Além de influenciar na governança durante os próximos quatro anos, ter a preferência presidencial pode ser determinante na escolha do próximo candidato à Presidência em 2018, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não entre na disputa.

Desejos

Mercadante, que foi candidato a vice na chapa de Lula, em 1994, sonha em ser o escolhido do PT e da presidente para a disputa numa eventual recusa do ex-presidente. O mesmo desejo tem Jaques Wagner. De acordo com informações de pessoas próximas ao ex-governador baiano e agora ministro, ao convidá-lo para o Ministério da Defesa, a presidente Dilma afirmou que vai precisar dos conselhos dele no dia a dia da política.

Wagner decidiu lutar pela casa que o Patrimônio da União cedeu ao então ministro José Dirceu (Casa Civil) no primeiro governo de Lula, até surgir o escândalo do mensalão, que o derrubou. A casa, que fica na Península dos Ministros, no Lago Sul, costuma ser reservada a um auxiliar que frequenta o gabinete presidencial. Mercadante mora no outro extremo, no Lago Norte.

O ex-governador se aproximou muito da presidente quando ambos foram ministros de Lula. Na campanha à reeleição, Wagner garantiu a Dilma a vitória no 4º maior colégio eleitoral do Brasil.

A presença marcante do ex-governador baiano nesta gestão também funcionará como uma ponte da presidente com a Nordeste.

Outro ministro que não despacha no Palácio do Planalto desponta como conselheiro da presidente. É o caso de José Eduardo Cardozo, que continuará à frente da Justiça. Dilma tem a intenção de indicá-lo para o Supremo Tribunal Federal.