A oposição americana aumentou o tom das críticas contra o presidente Barack Obama e levantou a hipótese de pedir seu impeachment. O motivo: Obama teria abusado de seu poder na Casa Branca ao anunciar uma reforma imigratória por meio de medidas executivas. “Nosso sistema de imigração está quebrado há muito tempo e todo mundo sabe”, afirmou o presidente. “Hoje estamos fazendo algo em relação a isso.” O decreto regulariza temporariamente a situação de pessoas que se mudaram para os Estados Unidos ainda crianças e pais de cidadãos americanos e residentes permanentes legais. Isso beneficiaria cerca de cinco milhões de imigrantes que hoje vivem no país sem documentos. Não demorou para que os republicanos falassem em impeachment. “Aparentemente a América tem agora seu primeiro imperador”, ironizou o senador conservador Jeff Sessions.

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"IMPERADOR"
Cada vez mais impopular, Obama foi ironizado por adversários
e criticado por membros de seu próprio partido

A ação de Obama vem justamente num momento em que seu partido digere a derrota nas eleições legislativas no início de novembro. A partir do ano que vem, o controle do Senado passará das mãos dos democratas para a dos republicanos, que já têm maioria na Câmara. Mas, apesar de tanto poder, a oposição teme que a abertura de um processo tão extremo provoque um efeito negativo para o próprio Partido Republicano. Em 1999, o democrata Bill Clinton saiu fortalecido de um impeachment motivado por um escândalo sexual e sua aprovação atingiu índice recorde. Como alternativa para condenar Obama, os congressistas têm considerado a não aprovação do Orçamento e o consequente fechamento do governo (“shutdown”, em inglês), como ocorreu no ano passado, a aprovação de um projeto de lei que financiaria todas as operações federais, menos a da imigração, e até um veto ao discurso anual à nação que o presidente faria em janeiro.

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Não bastasse isso, Obama ainda tem que lidar com o fogo amigo. Na terça-feira 25, o senador democrata Charles Schumer fez um duro discurso criticando a Casa Branca por uma série de erros – a começar pela reforma da saúde em 2009, quando os americanos estavam mais preocupados com a crise econômica. Segundo a agência Reuters, se seis senadores democratas, críticos das medidas de Obama, se juntarem aos republicanos, eles podem vetar a reforma imigratória. Nessa conta, não entra a popularidade da medida entre os mais afetados por ela. Uma pesquisa mostrou que 90% dos eleitores latinos, cada vez mais decisivos, apoiavam o decreto. Mas o eleitorado como um todo aparecia dividido: 45% a favor, 48% contra, segundo a Universidade de Quinnipiac.