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O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, indicou nesta quinta-feira (27) que o governo irá “apertar o cinto” com os gastos públicos e afirmou que a administração federal “dará o exemplo” ao adotar uma meta de superávit primário não inferior a 2% do PIB.

Em seu primeiro pronunciamento, Levy também disse que sua gestão à frente da Fazenda será marcada pela transparência e pela “redução da incerteza”, num claro recado ao mercado, que considerava a administração de Guido Mantega, agora de saída, confusa e pouco clara.

Ainda nesta quinta-feira, Nelson Barbosa foi oficializado no Ministério do Planejamento. Os dois já integraram equipes econômicas em governos petistas. Alexandre Tombini continuará na presidência do Banco Central.

A nova equipe econômica não assume imediatamente, mas trabalhará na transição junto ao atual time e ficará baseada dentro do Palácio do Planalto.

Levy desperta esperança e apreensão dentro do governo. Se por um lado a presidente Dilma Rousseff aposta na obstinação e no seu conhecimento técnico para, por exemplo, ser capaz de entregar o superávit prometido, por outro lado a ortodoxia do economista para cumprir suas missões arrepia governistas, que temem o comprometimento dos avanços sociais da gestão petista.

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O escolhido para comandar a Fazenda no segundo mandato costumava protestar quando algum de seus assessores do Tesouro Nacional lhe comprava bilhetes na classe executiva em viagens internacionais, previsto pelo regulamento do setor público. "Com esse dinheiro, viajam dois", reclamava.

Quando controlou a chave do cofre do Tesouro, entre 2003 e 2006, no governo Lula, costumava bater de frente com a então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff. Especialmente porque ele tentava intervir em questões da pasta, como no episódio do marco regulatório de energia, que estava em elaboração pela então ministra. Casos como esse geraram brigas entre os dois e até a expulsão dele do gabinete dela.

Mesmo assim, a hoje presidente resolveu acatar a sugestão do nome de Levy movida pela razão e não pela emoção. Ele vem sendo descrito por economistas como "o mais completo" para a função de ministro.

FMI

Além da formação acadêmica que passa por mestrado na Fundação Getúlio Vargas e doutorado na Universidade de Chicago – com carta de recomendação escrita por seu ex-professor Arminio Fraga -, Levy conheceu a política monetária de vários países quando trabalhou no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Adquiriu experiência com a estrutura de gastos da máquina federal durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, quando foi secretário adjunto de Política Econômica, economista-chefe do Planejamento e, já na gestão Lula, chefe do Tesouro. Estreitou relações com agências internacionais de classificação de risco quando foi da direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Como secretário de Fazenda do Rio, conheceu em profundidade as finanças estaduais. E foi na diretoria do Bradesco Asset Management que aprofundou sua relação com o mercado financeiro.

Quando atuou no governo federal, mandou contratar secretárias em três turnos diferentes. A última costumava encerrar o expediente às 2 horas. Muitas vezes, Levy trabalhava até o início da madrugada, voltava para sua casa, nadava alguns quilômetros e voltava ao trabalho. Ou dormia algumas horas no sofá do próprio gabinete para dali retomar mais um dia. E-mails enviados às 3 horas e ligações às 7 horas costumam ser rotina até hoje.

Se Dilma Rousseff e Joaquim Levy concordam no jeito austero e duro de cobrar os subordinados, agora resta a expectativa, por parte do mercado e de governistas, se a presidente estará disposta a dar autonomia para conduzir a política econômica na qual acredita. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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