“Até mais. Vou ver o final da corrida em Londres”, despede-se Bernie Ecclestone, com legítimo humor britânico, em sua sala particular, rodeado de amigos com quem assistia ao GP Brasil de F1. Faltava pouco mais de meia-hora para acabar a corrida que levou ao pódio Nico Rosberg, Lewis Hamilton e Felipe Massa. Naquele momento, o chefão da F1 e sua mulher, a paulista Fabiana Ecclestone, pegariam um helicóptero que os levaria até o avião particular, a postos em Congonhas, para seguir para o Reino Unido. Um quindim bem brasileiro, esquecido em casa pelos amigos do Brasil Carolina Andraus e Gilberto Miranda, foi enviado a tempo para o casal, antes de o avião decolar.

GENTE-05-IE-2347.jpg

Bernie estava animado. Dois meses depois do encerramento do ­processo na Alemanha, que o acusava de suborno e o afastou da F1, o poderoso chefão da maior categoria de automobilismo parecia mais forte do que nunca. Aos 84 anos, andava lépido pelos boxes, supervisionava detalhes na pista e recebia o prefeito Fernando Haddad e o ministro do Turismo, Vinicius Lage, em sua sala. O beija-mão foi ­numeroso. De Fernando Alonso a Alexandre Patto, que o apresentou à nova namorada, a atriz Fiorella Matheis. O casal pediu um selfie com Bernie, e foi convidado a cantar o “Hino Nacional” com as autoridades.

IEpag70e71Gente-2.jpg

Nelson Piquet levou o filho Pedro, que está despontando nas pistas, para tomar bênção. Na sequência, chegou Emerson Fittipaldi. Sentados, os três riam com histórias do passado. Piquet se declara para Fittipaldi: “I love you so much”. O prefeito Fernando Haddad surge com Claudia Ito, presidente do GP Brasil. Depois do protocolo, Haddad pergunta a Fittipaldi há quantos anos ele não corre: “Uns 40”, gargalha o campeão. Depois instiga Piquet: “Sinto falta das suas provocações”. Piquet responde: “Falo mesmo. Não sou político igual ao Emerson.” Fabiana Ecclestone convida todos para almoçar no Padock. Bernie fica. Sossego é bom para assistir à prova.

“Massa tem chances no futuro”

ISTOÉ – Voltou mais forte após o processo na Alemanha?
Bernie Ecclestone –
Nada a fazer sobre esse assunto na Alemanha. Foi um episódio um pouco político.

ISTOÉ – Como avalia o momento de crise na F1?
Bernie –
Não há crise. Há problemas em poucas equipes que gastam mais do que ganham. Em qualquer outro negócio que você gaste mais do que ganha, isso se torna um problema. Essa é a questão.

ISTOÉ – Massa ainda tem chances de ser um campeão?
Bernie –
Sim. No futuro. Ele é jovem e vai fazer muito bem.

ISTOÉ – Como vê a entrada de Felipe Nars na F1?
Bernie –
Bom para nós. Sempre tivemos bons pilotos brasileiros. É bom eles estarem em volta. Se será campeão, isso não sei. Me pergunte depois. Antes da performance não dá para dizer.

ISTOÉ – Faz 20 anos da morte de Ayrton Senna. Recente pesquisa o apontou como o grande herói brasileiro até hoje. Você, que conviveu com ele, como explica esse fenômeno?
Bernie –
Não poderia dizer como os brasileiros sentem, mas Senna era um bom piloto, tinha boa reputação, as pessoas gostavam dele. Os brasileiros deveriam se sentir orgulhosos assim como são de Pelé.

ISTOÉ – Acredita que a F1 terá novos campeões brasileiros?
Bernie –
Eu espero que aconteça. Esse cara que está chegando poderia ser um (Nelson Piquet chega com o filho, Pedro, 16 anos).