Após 26 anos de casamento, dos quais dois em guerra judicial em um processo de divórcio, o magnata do petróleo Harold Hamm tem motivos para estar triste. Não por razões afetivas e, sim, pela indenização paga à ex: quase US$ 1 bilhão. Sue Ann Hamm torna-se, dessa forma, uma das 100 mulheres mais endinheiradas dos Estados Unidos. E, talvez, também das mais ambiciosas. Seus advogados requisitam metade da fortuna do 39º homem mais rico do mundo, estimada em US$ 20 bilhões. O ex-casal poderá ser lembrado, no futuro, como protagonista do divórcio mais caro da história contemporânea.

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No fórum de Oklahoma (EUA) podia-se ler “Não entre” na porta da sala onde ocorreram as sessões. O ideal seria anexar placas, também, de “não ouça” e “não veja” no local pois, entre o farto material contra Hamm, constam transcrições de áudios e vídeos que comprovam casos extraconjugais. O compêndio começou a ser colecionado há oito anos por Sue Ann, quando ela saiu de casa e o casamento passou a existir apenas no papel. Os advogados do empresário afirmam que o casal não tinha laços afetivos havia uma década.

Hamm — cuja fortuna emana dos maiores poços de petróleo descobertos nos EUA na última década — terá de fazer jorrar US$ 320 milhões na conta da ex até dezembro. O restante será pago em parcelas mensais de, no mínimo, US$ 7 milhões. A defesa do empresário afirma que o enriquecimento se deve a sorte e a fatores de mercado. O juiz Howard Haralson não comprou a aparente modéstia do empresário e classificou-o como “um especialista nos negócios de serviços de campos de petróleo”. O discurso dos advogados não é por acaso. A lei de Oklahoma, onde correm os papéis, desconsidera enriquecimentos por “circunstâncias além do controle das partes” na conta da pensão. Os frutos dos esforços ou habilidades de uma das partes do casal, no entanto, são sujeitos à distribuição igualitária.

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Os advogados de Sue Ann argumentam que as quase três décadas de casamento, a falta de acordo pré-nupcial e sua atuação como sócia e advogada da empresa do ex-marido a tornam merecedora de, no mínimo, 25% do patrimônio. Como eles vivem separados há mais de dois anos, o valor final depende da data acordada como oficial para o rompimento. Mesmo que não leve toda a quantia almejada, a advogada já garantiu dois imóveis que somam US$ 22 milhões. Perguntado se voltaria a casar algum dia, Hamm respondeu cabisbaixo: “Definitivamente não”.

Fotos: Michael S. Williamson/ getty images; Steve Sisney/REUTERS