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A Petrobras informou nesta noite de quinta-feira, 6, que reajustará o preço de venda da gasolina A em 3% e do diesel em 5% nas refinarias, a partir da 0h de sexta-feira, 7. Segundo o comunicado, os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais Cide e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS.

Este é o primeiro reajuste da gasolina em 2014. A última vez que a Petrobras havia aumentado o preço dos combustíveis havia sido em novembro do ano passado, quando a gasolina subiu 4% e o diesel 8% nas refinarias. A expectativa era de que o anúncio do reajuste seria feito no início da semana, logo após a reunião do Conselho de Administração da estatal. 

A decisão da Petrobras em reajustar os combustíveis era esperada pelo mercado há alguns meses. A companhia vinha sendo pressionada por manter os preços congelados durante um longo período, sem respeitar as flutuações da commodity no mercado externo. A decisão do governo em sacrificar a Petrobras está ligada diretamente às pressões inflacionárias, com a taxa de inflação superando eventualmente o teto da meta, hoje em 6,5%. Reajuste de combustível tem impacto direto na inflação e atinge toda a cadeia produtiva.

Por conta da decisão de usar o preço dos combustíveis para controlar a inflação, a Petrobras teve resultados decepcionantes neste ano. Com o descasamento entre o preço do petróleo no mercado externo e os preços praticados no mercado interno, a companhia teve prejuízo sempre que precisou importar combustível para abastecer o País.

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, presidente do conselho deliberativo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), afirmou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que o reajuste de 3% da gasolina nas refinarias não deve melhorar a margem do etanol, mas o repasse da alta de 5% no valor do diesel ampliará os custos do setor. O diesel é o combustível mais utilizado em tratores e caminhões na produção e transporte, tanto da cana quanto do etanol por parte das usinas.

"O aumento diesel é mais custo para o nível de rentabilidade do etanol e essa alta não beneficia nada", disse Rodrigues, destacando que a principal demanda do setor no curto prazo é o retorno da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina. "O que tem de funcional para nós é a Cide e espero que ressurja com o tempo."

Entenda o contexto
Desde o governo Lula, por não dar conta da demanda, a Petrobras compra combustível fora do Brasil para atender o mercado interno. Mas, como o governo mantêm os preços do setor represados (ou seja, não repassa eventuais aumentos de custos), a Petrobrás vem cobrando menos de seus clientes em relação ao que pagava para importar matéria-prima.

Esse descompasso de preços é apontado pela maior parcela dos investidores como responsável pela deterioração das finanças da empresa. Dados mais recentes divulgados pela Petrobras dão conta de endividamento de 40% do patrimônio. A taxa está acima do limite pretendido pela empresa, de 35%, e ameaça o grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco.

A defasagem dos últimos anos entre os preços da gasolina praticados no Brasil e no exterior, no entanto, se inverteu na última semana. Em setembro, o combustível era 21% mais caro no mercado americano em relação aos preços praticados no País. Sexta-feira, 30, a gasolina vendida pela Petrobras estava 5% mais barata na mesma comparação.

Esse movimento tem três explicações: (1) a queda recente dos preços do petróleo no mundo todo; (2) o inverno nos Estados Unidos, que leva as pessoas a saírem menos de casa e, portanto, a derrubarem o preços dos combustíveis via queda de consumo; e (3) a valorização do real em relação ao dólar na última semana, de 4,59%.