000_Mvd6644356.jpg

A ONU acusou o governo da Venezuela de ter humilhado, ameaçado e torturado cerca de três mil manifestantes presos durante protestos realizados no primeiro semestre de 2014. A acusação foi feita nesta quinta-feira 6, em reunião do Comitê de Defesa dos Direitos Humanos das Nações Unidas, que afirma que o país latino-americano vive como se estivesse em um “estado de exceção”. Esta é a primeira vez em mais de uma década que a Venezuela participa do encontro, que acontece em Genebra, na Suíça, e vai até a sexta-feira 7.

De acordo com a ONU, que diz estar impedida de entrar no país, os presos foram obrigados a ficarem nus e foram ameaçados de estupro. “Temos informações de que, durante os distúrbios de fevereiro, mais de três mil pessoas foram detidas, desnudadas, ameaçadas de estupro e não foram autorizadas a ter acesso a um advogado”, afirmou o relator do comitê, o dinamarquês Jen Modvig, que diz haver diversas denúncias além das 183 violações aos direitos humanos e dos 166 casos de maus tratos registrados oficialmente. Entre as denúncias, estão as de que mulheres detidas foram “forçadas a manter sexo oral” em seus captores e liberadas dias depois.

O vice-ministro do Interior do país, José Rangel Avalos, negou as acusações e disse que “a tortura não faz parte da realidade política da Venezuela”. “A Revolução Bolivariana é fiadora absoluta do proveito dos direitos humanos de todas e todos”, afirmou.

Os protestos de fevereiro foram motivados pela inflação, a falta de emprego e de produtos básicos e o aumento na violência. Os confrontos com as forças de segurança – entre elas milícias apoiadas pelo governo de Nicolás Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez- resultaram em 43 mortos, mais de 400 feridos e milhares de detidos.

A ONU afirma que está impedida de entrar no país e que oito de seus relatores não tiveram autorização para visitá-lo, com o objetivo de realizar investigações sobre a situação das prisões, da liberdade da imprensa e de outros direitos.