Há pelo menos duas semanas as investigações da Operação Lava Jato contam com uma importante ajuda: a participação de empreiteiras de médio e pequeno porte que romperam com as gigantes do setor e resolveram buscar um acordo de leniência para ajudar nas investigações sobre o propinoduto da Petrobras, em troca de punições mais brandas. A Engevix, por exemplo, tentou informalmente obter um acordo com a Justiça, entregando informações que foram consideradas insuficientes pelo MP. Outras duas empresas, subcontratadas para obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, apresentaram ao juiz federal Sérgio Moro números de contas de parlamentares no exterior. Os dados apresentados foram considerados consistentes e o acordo de leniência já foi firmado.

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ENGEVIX
A empresa que trabalhou em Abreu e Lima tentou o acordo, mas não convenceu o MP

As informações, no entanto, não puderam ficar no âmbito das investigações do Paraná, pois as contas apontadas pela empreiteira envolvem autoridades com foro privilegiado e os documentos foram remetidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator do caso. Os montantes de transferências apresentados pelas empreiteiras, porém, foram considerados pequenos, abaixo da casa de R$ 1 milhão. O posicionamento dessas empresas atrapalhou o acordo que vinha sendo feito pelas gigantes do setor. Elas queriam uma defesa conjunta, argumentando que teriam sido vítimas de extorsão. Ou seja, diriam à Justiça que caso não entrassem no esquema não teriam como trabalhar. Essa estratégia deu certo durante o Collorgate. Agora, porém, os empreiteiros estão bem divididos. Quem obtiver o acordo de leniência poderá ter punição mais branda e continuar a trabalhar. Quem ficar de fora corre o risco de não poder firmar contratos com o governo, de ver os executivos na cadeia e de ter os bens indisponíveis.

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