A té dezembro deste ano um colosso de ferro e aço passará a monitorar centenas de quilômetros da Floresta Amazônica, erguendo-se em meio ao verde das árvores e chegando a uma altura de 325 metros. Essa torre gigante, maior que a Eiffel, está sendo instalada em meio à densa vegetação e servirá para estudar mudanças climáticas na região, tornando-se a maior estrutura desse tipo na América do Sul.

Batizada de Observatório de Torre Alta da Amazônia (ou Atto, da sigla em inglês), a torre será responsável por analisar o papel dos gases de efeito estufa na natureza e o impacto do ciclo de liberação e absorção do CO² em um raio de 300 quilômetros na floresta. Com mais de 40 instrumentos, o observatório será a estação mais avançada do tipo no mundo e está localizada na reserva de desenvolvimento sustentável no município de São Sebastião de Uatumã (AM), a 176 quilômetros de Manaus.

As buscas pelo local ideal para a instalação da torre levaram cerca de um ano, conta o professor da USP Paulo Artaxo, um dos coordenadores do projeto. “Tinha que ser o lugar mais afastado possível da civilização, mas perto o suficiente para que pudesse ser acessado por carro ou barco”, diz. “E também era importante que o terreno fosse firme, ou seja, fosse uma área não inundável.”

O projeto é uma parceria entre os governos brasileiro e alemão e custou R$ 23 milhões. A torre ajudará a comunidade científica a estabelecer o papel da Amazônia nas mudanças climáticas globais e auxiliará o governo brasileiro no desenvolvimento de políticas públicas para lidar com elas. “A floresta armazena de 100 a 120 toneladas de carbono naquele sistema. Se uma parcela ínfima disso for liberada na atmosfera, já teremos um sério agravamento nesse cenário e atualmente não sabemos nem se ela tem liberado ou absorvido mais desse gás”, diz Artaxo. 

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