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Em 1989, na semana que antecedeu o primeiro turno da disputa presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva protagonizou uma virada sobre Leonel Brizola e se credenciou para disputar o segundo turno com Fernando Collor. Agora, a menos de uma semana para a primeira etapa da eleição, todas as pesquisas apontam a tendência de uma nova virada. Desta vez, de Aécio Neves (PSDB) sobre Marina Silva (PSB).

Na sexta-feira 26, pesquisa ISTOÉ/Sensus indicou pela primeira vez que as seguidas quedas no índice de intenção de voto em Marina e o crescimento constante do tucano colocavam os dois candidatos em situação de empate técnico. Ontem, DataFolha e Ibope sinalizaram a mesma tendência. Segundo o DataFolha, entre os dias 26 e 30 de setembro, a intenção de voto em Marina caiu de 27% para 25%. Em sentido oposto, no mesmo período, Aécio saltou de 18% para 20%.  No levantamento feito pelo Ibope, entre 23 e 30 de setembro, a intenção de voto em Marina caiu de 29% para 25% e Aécio manteve 19%, uma diferença muito próxima do empate técnico.
 
“Essas tendências costumam se acentuar no fim de semana da eleição e especialmente no dia da votação”, diz Mauro Paulino, diretor do DataFolha. Esse mesmo movimento vem sendo aferido diariamente pelas pesquisas feitas pelos comandos das campanhas dos três principais candidatos. É com base nesses números que o PT e seus aliados já trabalham para um enfrentamento contra Aécio Neves no segundo turno, uma vez que a presença da presidenta Dilma Rousseff na etapa final da eleição é absolutamente certa.
 
Entre os analistas dos principais institutos a constatação é a de que a briga entre Marina e Aécio se dará voto a voto. A tendência, segundo eles, é que a diferença entre o tucano e a socialista fique entre 1% e 3% dos votos válidos. Em 1989, a diferença de Lula para Brizola foi de 0,6% ou cerca de 460 mil votos. Há 25 anos, o que mais pesou a favor de Lula foi o aumento no índice de rejeição a Brizola nas duas semanas que antecederam a eleição.
 
No cenário atual, segundo a pesquisa ISTOÉ/Sensus, Marina vem sofrendo o mesmo que Brizola. Segundo o levantamento, no início de setembro, 22,3% dos eleitores diziam não votar em Marina de forma alguma. Na sexta-feira 26, esse índice saltou para 33%. No caso de Aécio o aumento da rejeição foi de apenas 0,4% no mesmo período, passando de 31,5% para 31,9%.
 
Também pesou a favor de Lula em 1989 a maior capilaridade de seu PT em relação ao PDT de Brizola, muito forte no Sul, mas com pouca expressão em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País. Os mesmo ocorre agora a favor de Aécio. Seu PSDB tem presença nacional bem maior do que o dividido PSB de Marina.