Dono de pelo menos uma dezena de fazendas, imóveis de alto padrão e milhares de cabeças de gado, o candidato do PMDB ao governo de Goiás, Iris Rezende, é conhecido como um dos homens públicos mais ricos do País. Mas, ao encaminhar sua declaração de renda ao TSE, Iris apresentou um patrimônio implausível para quem o acompanha e conhece sua trajetória de vida e política. Os bens listados à Justiça Eleitoral somavam surpreendentes R$ 9,3 milhões. O valor fez com que Iris não figurasse nem entre os dez candidatos a governador com maior patrimônio declarado nas eleições deste ano. A prática de subavaliar o patrimônio declarado ao TSE é uma esperteza adotada por políticos interessados em ostentar um currículo exemplar aos olhos do eleitor, porém, não condizente com a realidade. A intenção é se passar por um candidato que não acumulou grandes fortunas e não se locupletou com a vida pública. Nesse caso, o aspirante a um novo cargo público estaria apto a receber mais um voto de confiança do eleitorado.

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SUBFATURADOS
Avaliados em R$ 185 milhões, os bens de Iris Rezende declarados
ao TSE somavam surpreendentes R$ 9,3 milhões

Mas já dizia Tancredo Neves que a esperteza, quando é demais, cresce muito e engole o dono. Foi o que ocorreu com Iris Rezende. Na prestação de contas remetida ao Tribunal Eleitoral, Iris revelou ter doado ao caixa da própria campanha R$ 1,7 milhão, ou seja, o equivalente a quase 20% de seu patrimônio declarado. Diante da atitude inverossímil, o peemedebista foi questionado por adversários eleitorais e resolveu retificar a declaração de bens apresentada ao TSE. O novo documento reajustou seu patrimônio para mais que o dobro do que havia sido declarado inicialmente, passando de R$ 9,312 milhões para R$ 20,122 milhões. A assessoria do peemedebista alegou haver um equívoco na primeira declaração, que havia deixado de fora bens como 9,6 mil cabeças de bovinos e bufalinos, avaliadas em R$ 7,69 milhões, e uma aeronave King Air no valor de R$ 1,55 milhão. Na comparação com o que foi declarado nas eleições de 2010, quando afirmou ter R$ 14,6 milhões em bens, o patrimônio do peemedebista teria crescido 38% num período de quatro anos. A reparação encaminhada ao TSE seria um gesto louvável e digno de aplauso se a declaração de bens de Iris Rezende não continuasse absurdamente distorcida. Segundo laudos da Câmara de Valores Imobiliários do Estado de Goiás obtidos por ISTOÉ que avaliaram todos os imóveis, fazendas e terrenos elencados pelo candidato do PMDB à luz dos valores praticados pelo mercado, o patrimônio de Iris totalizaria pelo menos R$ 185 milhões – o correspondente a nove vezes o valor da declaração retificada pelo político ou 20 vezes o valor dos bens declarados inicialmente ao TSE. Apenas as fazendas em nome de Iris Rezende localizadas em Mato Grosso e Goiás estão avaliadas em R$ 169 milhões. A Justiça Eleitoral está de olho na manobra.

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