Um experimento da Universidade Johns Hopkins, no Estados Unidos, com cogumelos mágicos ajudou uma dúzia de fumantes a largar o vício. O resultado foi publicado hoje no Journal of Psychopharmacology.

Os voluntários tomaram uma pílula que contém psilocibina, o ingrediente alucinógeno ativo nos cogumelos, como parte de um programa de terapia cognitivo-comportamental. Seis meses depois, 12 dos 15 participantes mantiveram-se livres do fumo, de acordo com os resultados do estudo.

"É um estudo muito pequeno, mas é uma indicação de que algo muito forte está acontecendo aqui", afirmou Matthew Johnson, pesquisador e professor de psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade.

O experimento está entre uma variedade de projetos iniciados nos últimos anos para pesquisar o potencial uso terapêutico de alucinógenos para tratamento de dores de cabeça crônicas, câncer e depressão.

Uma variedade de voluntários participou do estudo, incluindo um professor, um advogado e um funcionário de museu. Todos estavam mais interessados em parar de fumar do que em tomar uma droga psicodélica, disse Johnson. A realização da pesquisa em um ambiente cuidadosamente controlado permitiu aos pesquisadores proteger os voluntários e evitar a ansiedade aguda que pode ocorrer, a experiência que é geralmente conhecida como uma "bad trip", explicou.

A terapia ocorreu durante duas ou três sessões. Os voluntários chegavam a um laboratório montado como se fosse uma sala de estar, tomavam um comprimido de 20 mg de psilocibina, cobriram seus olhos e eram relaxados com música durante várias horas. Aqueles que tiveram uma experiência transcendente, onde as pessoas dizem ter entrado em um estado místico que os ajudou a sentir a ligação entre eles e o universo, tenderam a ter mais sucesso, disseram os pesquisadores.

Todos os voluntários retornaram duas semanas mais tarde por uma nova dose, dessa vez, mais elevada. A todos foi oferecida uma terceira experiência, mas vários recusaram, disse Johnson. O tratamento não envolve troca de uma droga por outra, disse Johnson, que apontou que os alucinógenos não são viciantes.

Como a pílula psilocibina foi administrada em combinação com uma terapia de modificação do comportamento, incluindo sessões de aconselhamento e manter um diário, não está claro o quanto de benefício para os fumantes veio do alucinógeno. Estudos futuros estão sendo planejados para incluir um grupo de comparação que não receberá o composto que alteram a mente, e todos os participantes irão obter imagens do cérebro para ajudar os pesquisadores a identificar e estudar onde ocorre o efeito.

 

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