Filha de uma das figuras mais importantes da história do cinema, Geraldine Chaplin queria ser bailarina. Não levava jeito. Pensando que atuar era mais simples, viveu sua primeira experiência em frente das câmeras em um dos grandes clássicos dirigidos por seu pai, “Luzes da Ribalta”, com apenas 8 anos. De passagem pelo Brasil para o 3º Festival Internacional de Cinema de Brasília, a herdeira de Charles Chaplin, protagonista de um dos filmes programados para a próxima Mostra Internacional de São Paulo, em outubro, falou à ISTOÉ.

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ADMIRAÇÃO
"Meu pai não era um comunista, era um humanista", diz ela

ISTOÉ – Você gravou um vídeo para a campanha do balde, que angariou fundos para o tratamento do ELA. Por que decidiu participar? Quem era o rapaz ao seu lado no vídeo?
Geraldine Chaplin –
Fiz mesmo por minha filha (a também atriz Oona Chaplin). Ela ficava gritando “você tem que fazer”, enquanto eu dizia que tínhamos que arrumar logo as malas. Quem aparece ao meu lado no vídeo é o namorado dela, um nigeriano chamado Adetomiwa Edun. Foi filmado por ela, em Madri, logo antes de virmos para cá. Sobre a campanha, acho que seria bom se todos derem dinheiro para ajudar a causa

ISTOÉ – Já conhecia o Brasil?
Geraldine –
O Brasil é fantástico. É um pouco como Veneza, onde você fica imaginando como vai ser, mas quando está lá é ainda mais surpreendente. Não é a primeira vez que visito o País, mas é a primeira que venho a Brasília. Seis ou sete anos atrás fiquei dois dias no Rio de Janeiro.

ISTOÉ – Seu primeiro filme foi “Luzes da Ribalta”, que seu pai dirigiu quando você tinha apenas 8 anos. Alguma lembrança das filmagens?
Geraldine –
Não muita coisa, mas lembro que não precisava ir à escola, o que era importante. E de usar roupas engraçadas.

ISTOÉ – Seu pai é uma das figuras mais conhecidas do século XX. Como ele era pessoalmente?
Geraldine –
Meu pai podia ser engraçado, mas tinha um lado muito severo e rigoroso. Era um bom pai também, mas bastante perfeccionista. Convivi com ele quando era um homem mais velho, acredito que era mais feliz. Quando via seus filmes antigos, notava uma certa melancolia.

ISTOÉ – Vocês tiveram que sair dos EUA em 1952, quando ele foi acusado de simpatizar com o comunismo. Ele foi um comunista de fato?
Geraldine –
Meu pai não era um comunista, era um humanista. Ele costumava dizer que não aceitava mentiras. Era a favor da paz, mas nunca quis se envolver com nenhum partido.

ISTOÉ – Você participou de algum outro filme recentemente, ou tem algum prestes a ser lançado?
Geraldine –
Terminei agora “Kaminski e Eu”, de Wolfgang Becker, o mesmo diretor de “Adeus, Lênin”, com Daniel Brühl no elenco. Um sonho antigo era trabalhar com Israel Cárdenas e Laura Amelia Guzmán, e finalmente consegui com “Dólares de Arena”, que será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deste ano.

Foto: AFP Photo/Rafa Rivas