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Confira as piores tentativas.

Nas últimas semanas, a internet foi inundada por uma série de vídeos de celebridades despejando baldes de água com gelo sobre a cabeça. O que, à primeira vista, poderia ser uma simples brincadeira faz parte de uma campanha para divulgar e levantar fundos para o tratamento de uma doença rara e ainda pouco conhecida, a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Assim como o mal de Parkinson ou o Alzheimer, essa enfermidade causa uma degeneração irreversível no sistema nervoso, não tem cura e pode levar à morte. Seu diagnóstico seria como um “balde de água fria”, por isso o gesto foi escolhido símbolo do projeto. A iniciativa, lançada em 29 de julho, tornou-se viral quando o dono do Facebook, Mark ­Zuckerberg, aceitou o desafio de virar o balde de gelo na cabeça, e assim, desafiou mais três pessoas, uma delas o magnata da Microsoft, Bill Gates. A partir daí, mais de 28 milhões de usuários do Facebook aderiram à corrente, e, até o dia 22 de agosto, uma associação americana de combate à ELA já havia arrecadado mais de US$ 53 milhões (cerca de R$ 121 milhões), valor 20 vezes superior à quantia amealhada no mesmo período do ano passado (US$ 2 milhões).

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A ideia de criar o desafio do balde de gelo teve como inspiração o atleta americano Pete Frates. Ex-jogador de beisebol, ele foi diagnosticado com ELA em 2012 e, com o avanço da doença, foi perdendo os movimentos do corpo e hoje só se comunica por meio de aparelhos. Ele e outro portador da doença, Pat Quinn, decidiram desafiar um amigo: ou ele tomava um banho de gelo ou faria uma doação de US$ 100 (R$ 225) para uma instituição de apoio ao tratamento de ELA. O amigo em questão não só tomou o banho gelado como fez a doação e iniciou a corrente. A repercussão da adesão das celebridades internacionais foi tão grande que famosos aqui no Brasil decidiram participar também. Na semana passada, as apresentadoras Ana Maria Braga e Fátima Bernardes realizaram o desafio ao vivo na tevê. Outras personalidades, como Luciano Huck, Angélica, Ivete Sangalo e Neymar também aderiram à febre.

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A campanha aqui no Brasil foi articulada pelo Instituto Paulo Gontijo, organização privada e sem fins lucrativos que há nove anos promove pesquisas e estudos científicos sobre a ELA. O apoio das celebridades nacionais, no entanto, ainda não gerou o mesmo montante de doações dos americanos. Segundo a diretora do IPG, Silvia Tortorella, até a sexta-feira 22 havia sido arrecadado cerca de R$ 15 mil em doações. “As contribuições são importantes e nós esperamos por elas, mas só o fato de a campanha ter aumentado a consciência sobre a esclerose lateral amiotrófica já é uma vitória”, diz Silvia. Um fato curioso, porém, tem marcado a iniciativa no País. Em tempos de seca na região Sudeste, muitos usuários das redes sociais estão criticando a campanha por estimular o desperdício de água. “Justamente por causa da água, agora as pessoas sabem que existe uma doença terrível chamada esclerose lateral amiotrófica”, diz Alexandra Lebelson Szafir, advogada, irmã do ator Luciano Szafir e portadora da enfermidade. “A conscientização é o primeiro passo para a descoberta da cura. Como a água usada numa causa tão nobre pode ser considerada um desperdício?” Quem quiser contribuir com a causa pode doar qualquer quantia para o IPG ou para a Abrela (Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica).