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Nas campanhas eleitorais, as pesquisas são retratos da imagem dos candidatos junto aos eleitores em um determinado momento. Para Eduardo Campos, um último retrato foi revelado nos quatro dias que antecederam sua morte, na quarta-feira 13, em um acidente aéreo na cidade de Santos (SP). No período de 9 a 12 de agosto, brasileiros de 136 cidades em 14 Estados demonstraram, nas respostas dadas aos entrevistadores da pesquisa ISTOÉ/Sensus (registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR – 00336/2014) que o apoio à candidatura de Campos havia aumentado em um ritmo um pouco mais rápido que os dos adversários Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) desde o levantamento feito há um mês. Na votação estimulada, Campos foi o escolhido por 9,2% dos entrevistados, dois pontos percentuais a mais que na enquete anterior. Oscilou dentro da margem de erro (de 2,2%), assim como os demais candidatos, mas de forma mais significativa. Dilma subiu de 31,6% para 32,7%. Aécio saiu de 21,1% para 21,4%.

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O resultado – que em virtude da fatalidade deixa de ter interesse eleitoral para se tornar apenas um registro histórico – revela o efeito de um maior conhecimento do candidato e suas propostas às vésperas também do início da propaganda gratuita na TV. Até então, notava-se, segundo Ricardo Guedes Ferreira Pinto, diretor do Istituto Sensus, um quadro de estabilidade no confronto entre os principais postulantes à Presidência da República. “O levantamento demonstra a consolidação da tendência de realização de um segundo turno”, afirma Guedes. Nas simulações feitas para os confrontos diretos na segunda votação, também repete-se o retrato captado na pesquisa anterior: empate técnico entre Dilma e Aécio e vitória da atual presidenta caso o adversário fosse Campos. Em ambos os cenários, as variações ocorreram dentro da margem de erro .

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Da mesma forma, os índices de rejeição mantiveram-se estáveis. Campos era o que menos despertava esse sentimento no eleitor (25,8%), empatado tecnicamente com Aécio (26%). Para Dilma, a rejeição acima dos 42% continua se mostrando preocupante.

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Apenas quando se definir o quadro futuro, com a substituição de Campos na chapa do PSB, é que se poderá avaliar o efeito que a saída de cena de Campos acarretará na corrida eleitoral. A hipótese vista como mais provável, que seria a presença de Marina Silva na vaga de Campos, deve, de acordo com Guedes, reforçar ainda mais a probabilidade de segundo turno. Com base em levantamentos anteriores, inclusive alguns que incluíam o nome de Marina, Guedes estima que dois terços dos eleitores inclinados a votar em Campos migrariam para sua vice, enquanto Dilma levaria 10% deles e Aécio, 20%. “Com mais o eleitorado de um nicho particular seu, Marina entraria na disputa com algo em torno de 16%, e os outros dois teriam também ligeiras altas”, avalia. Haveria, por consequência, uma redução no índice de eleitores indecisos, uma das características mais marcantes do atual pleito. Pelo levantamento ISTOÉ/Sensus, eles somavam 33%, quase o dobro dos 18% apontados no mês de agosto nas últimas eleições presidenciais.

Se boa parte do levantamento vira apenas peça histórica com a morte de Campos, outros retratos ainda despertarão muita atenção de candidatos e seus assessores. São os que mostram a avaliação do governo Dilma pelos eleitores entrevistados. O percentual de brasileiros que consideram positiva a gestão da presidenta caiu pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 28,5% em agosto ante os 32,4% de julho passado. Já a avaliação negativa, que havia caído em julho para 28,5%, voltou a subir em agosto para o patamar de 34,6%. Sobre o desempenho pessoal de Dilma, 51,6% dos entrevistados afirmaram desaprovar, contra 40,5% que aprovaram. Os resultados, segundo indicam os eleitores, devem-se prioritariamente à piora de cenários em áreas como inflação e serviços sociais. Um total de 64,5% dos entrevistados responderam achar que seu poder de compra diminuiu em relação a 12 meses atrás.

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