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A morte de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República pelo PSB, nesta quarta-feira (13), em um acidente aéreo na cidade de Santos (SP), encerra uma das trajetórias políticas mais destacadas do Brasil nos últimos anos.

O termo “divisor de águas” define com precisão o que aconteceu no cenário político em 6 de outubro de 2013. Sem conseguir oficializar a criação do Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva abriu mão da candidatura à presidência, rejeitou o cortejo de legendas de aluguel e anunciou, para a surpresa de todos, apoio ao projeto do PSB de Eduardo Campos.

Mais do que uma virada de mesa no jogo eleitoral de 2014, o lance marcou a estreia de Campos na disputa presidencial e revelou características pouco conhecidas do pernambucano. Tido como um gestor eficiente, de temperamento sereno e conciliador, Campos mostrou que também podia ser um articulador extremamente eficaz, capaz de antever cenários tão imprevisíveis como a aliança com Marina, tomar decisões sob pressão e fazer política, conforme ele gosta de alardear, “acima de interesses eleitorais”.

“Meu avô (ex-governador Miguel Arraes) me ensinou a costurar alianças em torno de ideias, pois quando uma eleição termina são elas que guiam o governo”, afirmou na época.

O discurso do ex-presidente do PSB aproximava-se do clamor das ruas, o que também é uma novidade numa pauta política tão marcada pelo fisiologismo. “Quando a política fica olhando apenas para os interesses dos políticos, ela perde o sentido. Isso aconteceu em outros momentos da história e voltou a ocorrer agora. Só que a sociedade está mais atenta”, disse.

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O governador de Pernambuco foi um dos poucos a sair da crise de junho de 2013, após os protestos nacionais, melhor do que entrou. Pesquisa Ibope/CNI divulgada no mês seguinte às manifestações apontou Campos como o governador mais popular do País, com um índice de confiança de 78%, um recorde nacional.

No momento em que multidões de jovens iam às ruas de São Paulo para tentar impedir o aumento de 20 centavos na tarifa de ônibus, o valor da passagem em Pernambuco já era um dos mais baixos do País. Reeleito em 2010 com 80% de apoio, o governador pernambucano se orgulhava de ter galgado “todos os degraus” da política desde que foi chefe de gabinete do avô em 1988. “Conheço a máquina pública por dentro e por fora. Por isso trabalho tanto para modernizá-la, tornando-a mais transparente, implantando a meritocracia e metas de desempenho associadas ao salário. Nosso modelo de gestão foi premiado pela ONU”, disse.

Trajetória

Eduardo Henrique Accioly Campos nasceu em 10 de agosto 1965 em Recife, capital de Pernambuco. Filho do escritor Maximiano Campos e da hoje ministra do Tribunal de Contas da União e ex- deputada federal Ana Arraes, era o neto mais próximo e herdeiro político do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes.

Após formar-se em economia pela Universidade Federal de Pernambuco em 1985, ingressou oficialmente na vida pública em 1990, ao se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). No mesmo ano foi eleito eeputado estadual.

Quatro anos depois foi eleito deputado federal. Em 1995, assumiu como secretário do governo de Pernambuco e em 1996, como secretário da Fazenda. Em 1998, foi reeleito como deputado federal com 173.657 mil votos, feito repetido em 2002. Em 2004, foi ministro da Ciência e Tecnologia. Em 2005, assumiu a presidência nacional do PSB  e, em 2006, foi eleito pela primeira vez ao cargo de governador de Pernambuco, sendo reeleito em 2010.

Eduardo Campos era casado com Renata Campos de Andrade Lima e deixa cinco filhos: Maria Eduarda, João, Pedro, José Henrique e o caçula, Miguel, nascido em 2014.


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