Os Estados Unidos bombardearam posições de artilharia do Estado Islâmico no Iraque que ameaçavam funcionários americanos baseados em Erbil, no Curdistão iraquiano, anunciou nesta sexta-feira o Pentágono.

"Aviões militares americanos lançaram ataques contra a artilharia do Estado Islâmico. A artilharia foi usada contra forças curdas que defendiam Erbil, perto dos funcionários americanos", declarou o contra-almirante John Kirby, porta-voz do Pentágono, no Twitter.

O chefe do exército iraquiano, Babaker Zebari, considerou que esse apoio aéreo permitiria "enormes mudanças no terreno nas próximas horas".

"Os oficiais do exército iraquiano, os peshmerga (curdos) e especialistas americanos estão trabalhando em conjunto para identificar alvos", explicou, também citando ataques americanos na região de Sinjar, a oeste de Mossul, e operações previstas "contra cidades controlada pelos EI".

O presidente Barack Obama deu autorização para ataques aéreos se fossem necessários para proteger interesses americanos de extremistas do Estado Islâmico na noite nesta quinta-feira. Os Estados Unidos também poderão usar ataques aéreos para intervir na crise humanitária entre os extremistas e minorias religiosas no norte do país.

Por sua vez, a ONU está trabalhando para criar "corredores humanitários" no norte do Iraque, para permitir assim a retirada dos civis em risco.

Já a França se disse pronta para desempenhar o seu papel na assistência às vítimas civis dos "abusos intoleráveis " do IE, enquanto o Reino Unido anunciou o lançamento de alimentos nas próximas 48 horas.

Antes dos ataques do Estado Islâmico, a região era a mais estável e servia de aliada dos Estados Unidos. Conselheiros militares americanos estão estacionados na capital curda, Erbil.

Líderes curdos pediram que os Estados Unidos e a Otan reforçassem suas forças aéreas na região contra os ataques violentos e crescentes do Estado Islâmico. “Nós vamos fazer o que for necessário para proteger nosso povo”, disse Obama. “Apoiamos nossos aliados quando eles estão em perigo”, acrescentou.  

Nesta sexta-feira, as autoridades americanas afirmaram que aviões haviam enviado comida e água na região montanhosa de Sinjar, onde milhares de yazids estão refugiados.

Sinal da preocupação internacional, o Conselho de Segurança da ONU expressou na quinta-feira sua "indignação" sobre a situação dos cristãos e yazidis no Iraque.

O Papa Francisco, que lançou um apelo urgente à comunidade internacional para "proteger" a população em geral, enviou o cardeal Fernando Filoni, antigo núncio no Iraque.

Em Bagdá, a intervenção americana gerou certo ceticismo, na medida em que o primeiro-ministro Nuri al-Maliki pede uma intervenção desde o início da ofensiva do EI em junho.

Obama "não fez nada durante três anos, mas algo acontece aos curdos e aos cristãos e ele começa a falar sobre o terrorismo", denunciou Rashaad Khodhr Abbas, um funcionário público aposentado.

O afluxo de refugiados às portas do Curdistão aumenta a pressão sobre a região, que já tem muitos problemas financeiros devido a uma disputa com Bagdá sobre as receitas do petróleo.

Uma manifestação está prevista para esta sexta-feira para denunciar o afluxo de populações não-curdas, enquanto a preocupação aumenta em Erbil com o avanço do EI.

Inicialmente, os peshmergas curdos, consideradas as forças iraquianas mais eficazes, aproveitaram-se da retirada do exército iraquiano frente os jihadistas para expandir sua influência sobre várias cidades.

Mas sem munição e espalhados numa ampla frente, eles tiveram que recuar em várias frentes.

O Reino Unido chamou nesta sexta-feira seus cidadãos a "partir imediatamente" das três províncias curdas do Iraque, e a companhia Turkish Airlines, uma das principais no Iraque, suspendeu seus voos a Erbil.

A Agência Federal de Aviação (FAA) proibiu por sua vez os aviões comerciais americanos sobrevoar o Iraque, citando "situações potencialmente perigosas criadas pelo conflito armado."