Das grandes vistas às imagens da vida cotidiana, o Rio de Janeiro é o grande assunto da obra de Marcos Chaves. Nada mais natural, portanto, ele ter sido escolhido para inaugurar a filial carioca da galeria Nara Roesler, e tal tarefa é levada a cabo, acertadamente, pela exibição das séries “Academia” e “Sugar Loafer”.

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O sublime e o prosaico do Rio se encontram na sequência fotográfica de “Sugar Loafer”, nas quais o Pão de Açúcar é enquadrado como pano de fundo de cadeiras de plástico, duchas, carrinhos de supermercado abandonados e outros ícones vulgares da vida praiana. Assim, de vista em vista e objeto em objeto, que desfilam nas fotografias, chegamos às academias de beira de praia. Segundo o artista, “as instituições mais respeitadas do Rio de Janeiro”, ao lado das escolas de samba.

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O culto ao corpo, sem dúvida uma das grandes instituições do Rio, é levado para o âmbito da galeria de arte na forma de uma instalação com esculturas construídas com cimento, tubos de ferro, madeira e tirantes. Assim, a ironia (e a leveza), outra chave do trabalho do artista carioca, se presta como porta de entrada para a colocação de questões “de peso”, neste momento de turismo esportivo global que vivemos no Brasil. “Como a praia, o corpo em si tornou-se um ponto turístico”, aponta o curador americano Neville Wakefield no catálogo da exposição.