Na terça-feira 29, seis dias depois de desativar sua página no Facebook e seu perfil no Twitter, o criador do perfil Dilma Bolada, o estudante de publicidade Jeferson Monteiro, retornou às redes sociais em meio a efusivas comemorações da militância petista. Não por acaso: o rapaz contabiliza 1,4 milhão de seguidores e é hoje um dos pontas de lança da campanha de Dilma na internet. No entanto, a misteriosa saída de cena aliada ao regresso igualmente enigmático às redes sociais, menos de uma semana depois, alimentou especulações de que o publicitário teria negociado alguma vantagem pecuniária para permanecer na trincheira do PT. Não seria a primeira vez que ele se envolveria numa polêmica sobre transações financeiras. Durante a pré-campanha, o criador de Dilma Bolada acusou o PSDB de tentar comprá-lo – levando-o para a oposição – por meio de uma agência de publicidade. Quando desativou o perfil, na última semana, Jeferson insinuou que se sentia abandonado. “Estou quase sozinho no meio de uma tormenta que é a internet.” No comitê presidencial, enquanto Dilma Bolada esteve fora do ar, falou-se que o autor do perfil teria recebido uma “sinalização” de auxiliares da presidenta de que ele seria procurado para resolver “pendências financeiras”. Com a volta do perfil, integrantes do staff de Dilma revelaram que Jeferson passaria a atuar como uma espécie de consultor do PT. No meio político, comenta-se que, em troca da “consultoria” e da reativação do popularíssimo perfil, Jeferson receberia uma bolada: segundo essa versão, o estudante de publicidade teria acertado com o PT o pagamento de R$ 200 mil pelos próximos três meses.

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IDEOLOGIA
Criador do perfil Dilma Bolada, Jeferson Monteiro diz que mantém
o personagem na ativa apenas por afinidade ideológica

Ele nega tudo peremptoriamente – desde o acerto para atuar como consultor de marketing da campanha petista até o recebimento de qualquer valor. Insiste que jamais recebeu dinheiro pela Dilma Bolada e que mantém o personagem na ativa apenas por afinidade ideológica com a presidenta. Ele tem boas razões para isso. Se afirmasse que recebe para rechear o perfil fictício da presidenta na internet de informações positivas e provocações aos adversários, Jeferson estaria confessando um crime eleitoral, pois a lei veda propaganda paga na rede.

Os seis dias sem a militância da Bolada na internet deixaram claro para a campanha do PT a importância de Jeferson para a ressonância positiva da imagem de Dilma. Estrategistas identificaram que a figura simpática do perfil fictício ajuda a atenuar a rejeição à presidenta. Resta saber a que custo.

Foto: Divulgação