Diante do fraco desempenho da economia em 2014, a equipe econômica do governo já trabalha com a hipótese de o Produto Interno Bruto (PIB) registrar resultados negativos no segundo e terceiro trimestres, o que configuraria um quadro de recessão técnica. Na segunda-feira 21, o Boletim Focus, do Banco Central, apontou para um cenário desalentador, ao reduzir pela oitava vez consecutiva as expectativas para a expansão da economia para 2014. O número caiu de 1,05% para 0,97% – no começo de 2013, ele estava em 3,8%. Em 2012, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estimava um PIB de 2% e classificou de “piada” a projeção de 1,5% feita por economistas do banco Credit Suisse. A situação de lá para cá só se agravou. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV diminuiu a expectativa de crescimento de 1,2% a 1,6% para 1% a 1,2%, enquanto a consultoria GO Associados baixou o número de 1,5% para 0,5% (leia quadro). O baixo resultado da indústria nos últimos meses, somado à alta da inflação, à piora das contas públicas e principalmente à baixa confiança dos empresários foi o que fez com que fossem recalculadas as expectativas de crescimento para o ano. Alguns indicadores recentes também foram fundamentais para a revisão dos números, como a queda de 0,18% de abril a maio do IBC-Br – o índice de atividade do Banco Central que é considerado uma prévia do PIB – e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontou uma criação de vagas 57% menor em junho deste ano em comparação a junho de 2013.

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SINAL VERMELHO
Com queda nos índices de produção e aumento na taxa de
importação, as indústrias têxtil e de vestuário iniciam o
segundo semestre de 2014 em estado de alerta

Os resultados negativos, segundo especialistas, refletem um esgotamento do modelo econômico adotado pelo governo de Dilma Rousseff, baseado no estímulo ao consumo. Além disso, o modelo protecionista do Estado, que influencia, por exemplo, os preços da gasolina, tem resultado em um ambiente de insegurança. O Índice de Confiança Empresarial caiu 6,8% no segundo trimestre de 2014 em relação ao trimestre anterior, enquanto o Índice de Confiança do Consumidor, calculado pela FGV, teve a oitava queda trimestral consecutiva. “Os problemas econômicos do Brasil são conjunturais e estruturais. A chamada “nova matriz econômica” resultou em baixo crescimento e em uma política fiscal associada à contabilidade criativa”, afirma Marcel Balassiano, especialista em economia aplicada do Ibre/FGV. A expectativa para os próximos meses não é das mais animadoras. “Há uma espera pelas eleições e um clima de insatisfação em relação à política econômica”, disse à ISTOÉ o economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados.

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