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Assista à entrevista com o fotógrafo Caio Reisewitz, cuja obra pode ser vista na exposição "Parece Verdade", no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro

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Caio Reisewitz – Parece verdade/ Centro Cultural Banco do Brasil, RJ/ de 12/1 a 3/3
QUEIMADA
“Itaquaquecetuba” mostra realidade de mais de 200 anos

Uma imagem impressiona e influencia Caio Reisewitz desde que começou a trabalhar como fotógrafo. Trata-se da pintura “Mata Reduzida a Carvão”, do paisagista francês Félix Taunay (1768-1824), que veio ao Rio em 1816 acompanhando seu pai, integrante da Missão Artística Francesa, e tornou-se o diretor da Academia Imperial de Belas Artes. Monumental, esse óleo sobre tela datado de 1830 documenta uma queimada na Mata Atlântica fluminense, mostrando que, no início do século XIX, a devastação – decorrente do projeto industrial de expansão de ferrovias – já era uma realidade aqui. Taunay revela nessa pintura uma consciência precoce com o meio ambiente, o que ecoa nas fotografias que Reisewitz fez de queimadas em Bertioga e em Itaquaquecetuba, em 2003 e 2006. Declaradamente inspirado pelas pinturas de paisagem que representavam o Brasil colonial, Reisewitz apresenta na exposição “Parece Verdade”, no CCBB Rio, um retrato dos extremos que caracterizam a paisagem e a cultura brasileira. Esta é a primeira exposição que reúne um conjunto expressivo da obra do fotógrafo paulistano. Selecionadas pelo curador Fernando Cocchiarale, são 50 imagens produzidas nos últimos oito anos, que, juntas, dão a ver as grandes linhas do pensamento visual do artista.

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PUREZA
“ Mamanguá” ilustra a força e a resistência da natureza

Além da influência da pintura realista e de um olhar preocupado com a preservação ambiental, outra questão que se mostra evidente é o discernimento que Reisewitz faz entre a paisagem natural e a paisagem construída: uma preocupação bastante pertinente na era do Photoshop, quando frequentemente se questiona até que ponto uma imagem é real ou montada. Esse é o caso de “Golf Club”, que apresenta um campo real com aparência artificial. A distância entre a fotografia e o objeto representado está entre os grandes temas de Reisewitz e isso se faz presente também na série recente de fotomontagens, de inspiração dadaísta, feita com recursos manuais e toscos, segundo o artista, “em reação ao Photoshop”. Entre as imagens expostas destaca-se também a série “Utopias Ameçadas”, concebida para a representação brasileira na 51ª Bienal de Veneza, em 2005. São seis fotografias de interiores de edifícios públicos brasileiros – de igrejas barrocas ao gabinete do prefeito de São Paulo, passando pelos edifícios projetados por Niemeyer – que chamam a atenção pela grandiosidade e imponência. É um trabalho sobre a arquitetura do poder, que, visto na perspectiva do conjunto, só evidencia o caráter grandioso que o artista confere às paisagens naturais. “Sim, com a fotografia quero devolver poder à natureza”, diz ele.