Gana não passou da primeira fase da Copa, mas deixou uma herança: mais de 700 cidadãos que pedem refúgio no País. Eles chegaram com visto de turista, concedido através da Lei Geral da Copa, menos exigente para quem comprovasse que viria para os jogos. Mas, uma vez em solo brasileiro, entraram com pedido de refúgio, apesar de Gana não enfrentar guerra ou grave crise política. Os argumentos: perseguição religiosa ou devido a lutas por terras. Entretanto, o próprio governo ganense declarou que, atualmente, não existem problemas desse tipo no país. O que explicaria, então, a debandada? A Polícia Federal e o Itamaraty investigam por que tantos vistos foram liberados e se há algum grupo ou coiote (pessoas que cobram para ajudar a atravessar fronteiras internacionais) organizando a vinda dos ganenses.

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OBJETIVO
Ganenses em Criciúma: lá é possível conseguir mais
rápido a carteira de trabalho

Ao todo, a embaixada brasileira em Acra, capital de Gana, expediu 8.767 vistos, sendo que 2.529 foram utilizados e 1.132 ganenses ainda estão no País. Até agora, já foram concedidos cerca de 180 pedidos de refúgio, e as cidades mais procuradas são Caxias do Sul (RS), Criciúma (SC) e o Distrito Federal. A escolha pelas cidades no Sul tem uma explicação: o protocolo do pedido de refúgio sai no mesmo dia, ao contrário de São Paulo, por exemplo, onde levaria mais de um mês. E é com esse protocolo que se consegue a carteira de trabalho brasileira. 

O Comitê Nacional para Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, tem um ano para entrevistar e avaliar os pedidos. Caso o refúgio seja negado, eles são encaminhados para o comitê de imigração. “Alguns não têm bilhete de volta e dizem que pagaram entre R$ 7 mil e 9 mil pela passagem. Tem muita coisa estranha”, diz a Secretária de Defesa Social de Criciúma, Solange Barp.  

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