Prever o desenvolvimento da doença de Alzheimer é um dos mais importantes desafios da medicina. Caracterizada pela perda gradual da memória e pela demência – decorrência da morte progressiva dos neurônios –, a enfermidade só dá sinais quando já está instalada, tornando seu controle difícil. Na semana passada, pesquisadores ingleses e americanos anunciaram avanços na criação de métodos indicativos de risco mais eficazes.

Na Inglaterra, cientistas de quatro instituições inglesas afirmaram que estão próximos de criar um teste de sangue capaz de apontar, com um ano de antecedência, quais indivíduos com leve prejuízo cognitivo terão a doença.

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PRECISÃO
A presença de dez proteínas no sangue indica com 87% de eficácia a
chance de a enfermidade surgir um ano depois

Os cientistas chegaram ao exame a partir da análise das informações obtidas em três estudos internacionais. Eles reuniram amostras de sangue coletadas de 1.148 indivíduos (476 eram portadores da doença, 220 apresentavam leve limitação cognitiva e o restante não tinha qualquer problema). Parte dessas pessoas também foi submetida a exames de imagem (ressonância magnética) para que fossem detectadas eventuais modificações nas estruturas cerebrais. O objetivo era descobrir de que maneira 26 proteínas que haviam sido previamente associadas à enfermidade estavam de fato a ela ligadas.

A investigação resultou no isolamento de 16 substâncias com forte vínculo à enfermidade. Após novas análises, conclui-se que apenas dez proteínas manifestavam papel preponderante no indicativo de risco. Ao final, os pesquisadores constataram que elas são capazes de prever com 87% de eficácia a chance de uma pessoa com pequenas limitações cognitivas ter Alzheimer após um ano. “Problemas de memória são muito comuns. O difícil é identificar quem, entre aqueles que apresentam lapsos, manifestará demência”, afirmou Abdul Hye, coordenador do trabalho, do Instituto de Psiquiatria do King’s College London. “Agora conhecemos dez proteínas que podem nos dar essa resposta com alto nível de eficácia.” Os cientistas estão conversando com possíveis parceiros comerciais que poderão transformar a descoberta em um exame de sangue acessível a todos.

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Nos Estados Unidos, os pesquisadores divulgaram os resultados do uso de um exame na retina que detecta mudanças registradas de 15 a 20 anos antes do diagnóstico. “A retina é parte do sistema nervoso central e divide algumas características do cérebro. Havíamos descoberto que um dos processos associados ao Alzheimer ocorre também nessa estrutura e conseguimos identificá-lo, dentro do olho, antes mesmo de ele ser iniciado no cérebro”, explicou Keith Black, do Cedars-Sinai’s, e responsável pelo experimento, que deverá ser aprofundado. 


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