Sucesso na década de 1970, por sua estrutura narrativa inovadora passada em apenas 24 horas, a novela “O Rebu” — remake que estreia na segunda-feira 14, às 23 horas, na Rede Globo — vai manter a tradição de renovação do formato de folhetim. Entram em cena as redes sociais, pela primeira vez na dramaturgia de televisão no Brasil, dentro da trama e interagindo com os telespectadores. E a tecnologia irá ajudar a desvendar uma morte ocorrida na luxuosa festa em que a história se desenvolve. Para dar verossimilhança a essa atualização, personagens foram incluídos. Rosa (Dira Paes), por exemplo, assistente da investigação comandada pelo delegado Nuno Pedroso (Marcos Palmeira), disseca o comportamento dos convidados rastreando posts e comentários publicados por eles na web.

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TIME DE PESO
Patrícia Pillar vive a protagonista Ângela.
Tony Ramos será Carlos Braga, empreiteiro vilão

Para que a interação se tornasse real, durante as gravações dos 37 capítulos os atores usaram cerca de 30 celulares, com os quais captaram mais de 3.500 fotos. Tudo cuidadosamente dirigido para a edição de vinhetas especiais, que serão reveladas ao telespectador em pílulas. A ideia é bastante conectada com a vida real. As vinhetas mostrarão que durante o evento a comunicação virtual entre os convidados estabeleceu uma festa paralela e muito mais reveladora. “Tomamos um cuidado especial na direção dos atores que fotografavam, para que essas imagens se tornassem material de pesquisa na investigação”, explica o diretor José Luiz Villamarin. O objetivo da estratégia inédita é de que essa rede social dos personagens extrapole a televisão e possa ser acompanhada no site da novela. “A rede social entra no enredo como existe nos dias de hoje. Tudo acontece em várias telas”, complementa George Moura, um dos autores da adaptação da novela de Bráulio Pedroso. “No mundo todo, a polícia usa as redes sociais para prender bandidos”, diz Sérgio Goldenberg, o outro roteirista.

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DIVAS
Bete Mendes (acima) fez o papel da vítima na primeira versão.
Sophie Charlotte (abaixo) substitui personagem
masculino da trama original

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O corpo que aparece boiando na piscina da mansão onde acontece a festa tem a identidade revelada logo no início, ao contrário da versão anterior, em que o morto só ganhava nome e sobrenome 50 episódios depois da estreia. O ator Daniel de Oliveira interpreta o jovem que acaba morto, Bruno Ferraz. Na versão original, quem aparecia inerte na piscina era uma mulher, interpretada por Bete Mendes. Outra inovação para a época era a presença de um casal homossexual, formado por Conrad Mahler (Zbigniew Ziembinski) e Cauê (Buza Ferraz), relação apenas insinuada por conta da censura da ditadura militar. Os autores do novo “Rebu” preferiram não abordar os mesmos assuntos. Mas adiantam que não faltarão cenas picantes, já que o horário permite. “O que muda de forma radical é a temática e sobretudo o ritmo, além do número de tramas e subtramas”, explica Moura. Com expectativa de continuar agradando no horário das 23 horas, que tem média de audiência entre 15 e 19 pontos, a emissora promoveu uma alteração. A novela será exibida às segundas, terças, quintas e sextas-feiras.

As demais novidades afetam o cerne do remake. Os protagonistas originalmente vividos por Ziembinski e Buza Ferraz, no papel de seu enteado, foram substituídos por duas mulheres: Patrícia Pillar, como a poderosa Ângela Mahler, e Sophie Charlotte, que dá vida a seu braço direito, Duda. A advogada Gilda Rezende (Cássia Kis Magro) fecha o trio de poderosas da novela.

“O fato de o anfitrião agora ser uma mulher acarretou grandes mudanças, mas imagino que a função do personagem na história seja a mesma”, comenta Patrícia Pillar.

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NA REDE
Marcos Palmeira é Nuno Pedroso, chefe de Rosa (Dira Paes), que rastreia seus
suspeitos cruzando posts e comentários publicados na internet durante a festa.
Jesuíta Barbosa e Michel Noher (abaixo) foram alguns dos autores das mais
de 3.500 fotos que os telespectadores poderão acessar durante a trama

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Tony Ramos será Carlos Braga, empreiteiro com ares de vilania que alterna momentos de amizade e de rivalidade com Ângela. “Ele não é apenas um vilão, é um homem que acredita que, para manter a empresa que gerencia, precisa ter um comportamento dúbio. Agora, se ele está ou não envolvido no assassinato… essa resposta ficará para o capítulo final”, despista Ramos. “É, sobretudo, uma novela sobre a capacidade que o poder tem de comprar as pessoas”, conta o autor George Moura. “E é a polícia que vai ajudar o telespectador a entender quem é quem nesse rebu”, diz Sérgio Goldenberg. Com a ajuda do mais importante novo personagem do remake: a internet.

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Fotos: Estevam Avellar/Globo, Francisco Cepada